O último trimestre de 2024 tem sido marcado por diversas notícias relativas à crise da indústria automóvel europeia. Quebras de lucros, anúncios de encerramento de fábricas, despedimentos em massa, redução de vendas, são a face visível do momento difícil que este setor atravessa.
A Nissan está a ponderar despedir 9000 empregados para reduzir os custos e a Audi deverá seguir o mesmo caminho, com planos para cortar 15% da sua força de trabalho, estimando-se 4500 despedimentos, apenas na Alemanha. Além disso, têm sido várias as fábricas na Europa a suspender temporariamente a produção ou a reduzir o número de turnos, para fazer face à redução da procura, especialmente, nos modelos 100% elétricos.
Na origem destes problemas está uma combinação de fatores: queda da procura, crescente concorrência dos fabricantes chineses, custos de produção elevados e impacto das tarifas comerciais. Aquilo que muitos já apelidaram de tempestade perfeita.
Para complicar, no ano de 2025 a entrada em vigor das novas metas de emissões na Europa. A Comissão Europeia contribuiu fortemente para o início desta crise. Em 2023 a Comissão Europeia aprovou uma proposta para a redução de 100% das emissões de dióxido de carbono (CO2) para todos os automóveis novos comercializados a partir de 2035. De forma clara e direta, foi proibida a comercialização de todos os automóveis novos equipados com motor de combustão.
É impossível exigir a uma indústria que desde a sua criação até aos dias de hoje teve no motor de combustão o pilar da sua génese e desenvolvimento, não só dos principais construtores, mas também de uma vasta rede de fornecedores de pequena e média dimensão que produzem componentes cruciais para motores, que em pouco mais de uma década altere por completo suas bases e o seu paradigma.
Justificação para estas exigências e imposições mirabolantes: pancadas ideológicas de ambientalistas sem nexo nem conhecimento de causa do que é a realidade.