Mortágua assinalou no passado sábado, 28 de setembro, a Batalha do Bussaco, no âmbito das comemorações desse acontecimento militar, ocorrido há 214 anos, e que teve palco em terras de Mortágua, Mealhada e Penacova.
O dia começou com o desfile das tropas pela Rua Padre Moderno, Rua Dr. João Lopes de Morais, até à Praça do Município, onde foram prestadas honras oficiais e se procedeu ao hastear da Bandeira Nacional e entoação do Hino Nacional, perante as entidades municipais e convidados.
O presidente da Câmara Municipal, Ricardo Pardal, deu as boas vindas aos grupos participantes na recriação, e destacou a importância de manter viva na memória coletiva esta data e acontecimento histórico que marcou profundamente o concelho de Mortágua e os concelhos vizinhos, e que envolveu terror e sofrimento das populações, além dos portugueses que tombaram nos combates. Há registo de alguns mortaguenses que participaram nas lutas que ocorreram na área do município.
O autarca afirmou que evocar a Batalha do Bussaco é também homenagear a bravura e a coragem dos homens e mulheres que defenderam com a sua própria vida a soberania nacional. «O que somos hoje como povo, a nossa identidade, também se deve à luta e resiliência desses heróis», disse. E sublinhou que «ao recordar essa batalha de há 214 anos queremos hoje, acima de tudo, afirmar os valores da paz e da concórdia entre os povos, e transmitir às gerações atuais e vindouras que lutem pela paz, pela tolerância, e rejeitem os discursos de extremismo e xenofobia que alimentam as guerras e o ódio».
O moinho da Moura, posto de comando de Massena, e o moinho de Sula, posto de comando de Crauford, ambos situados na freguesia de Trezói, são testemunhos da sangrenta batalha que envolveu dezenas de milhares de soldados em combate nas encostas da serra. A superioridade numérica dos franceses foi travada pela superioridade tática das tropas anglo-lusas que souberam tirar vantagem da orografia e conhecimento do terreno e do seu posicionamento estratégico. Mortágua tinha uma posição estratégica, visto que pelo território passavam três estradas importantes, destacando-se a estrada real que dava acesso direto à capital.
Na parte da tarde, os cerca de 200 personagens, em representação de 11 grupos de reconstituição histórica, nacionais e estrangeiros (Espanha e Inglaterra), recriaram o combate de Mortágua, também conhecido como combate da Serra do Meiral, ocorrido na antevéspera da Batalha do Bussaco, em 25 de setembro. Sob o comando do major Luís Rego, o Regimento de Caçadores 4, do alto da Serra do Meiral, atacou a vanguarda do 2.º Corpo do exército francês do general Reynier, causando baixas ao inimigo, retirando depois para o Buçaco.
A Praça do Município transformou-se num grande campo de batalha. Passados 214 anos, voltou-se a ouvir o troar dos canhões, os disparos dos mosquetes, os gritos de ataque, e a reviver os combates corpo a corpo com as baionetas. O povo também esteve representado na recriação, usando alfaias agrícolas (forquilhas e varas).
As comemorações dos 214 anos da Batalha do Bussaco constituíram uma organização conjunta dos Municípios de Mealhada, Mortágua e Penacova, da Associação Napoleónica Portuguesa e Grupo de Reconstituição Histórica de Condeixa. A promoção deste evento histórico (Batalha do Bussaco) como produto turístico-cultural é uma aposta dos três municípios no âmbito de uma estratégia comum de valorização do território e de atração de visitantes centralizada na marca Mondego-Bussaco.