ENTREVISTA: Praias em Mões, uma escolha mais natural

28/07/2020 20:00

As nossas sugestões, no distrito, de locais, para passar bons momentos com amigos e em família continuam. Hoje fomos até ao Município de Castro Daire, a convite de Marco Andrade, Presidente da Junta de Freguesia de Mões.

A Freguesia de Mões tem um leque de praias naturais. Quer nos fazer as honras da casa?

Felizmente, a nossa localidade foi agraciada com belas áreas de lazer fluviais. As da Portela, Canado e Granja possuem basicamente as mesmas condições. São praias naturais, banhadas pelo Rio Paiva, sem qualquer tipo de construção ou infraestrutura. A da Granja, alimentada pelo afluente do Paiva, o Rio Mau, chega a possuir umas mesas e uns conjuntos em pedra, mas mantém-se, essencialmente o elemento natural. A única intervenção que ocorre nestes três espaços é a limpeza dos acessos e a recolha de lixo. Estas praia existem desde que me lembro. Conheço avós e bisavós que já desfrutavam dessas zonas, pois têm bons poços, lameiras bonitas, com acessos facilitados. A Praia do Pego, situada em Vila Boa, é um bocadinho diferente e tem cerca de 20 anos. Apesar do apoio da Câmara Municipal de Castro Daire e da Junta de Freguesia de Mões, a gestão está sob a alçada da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Vila Boa e lá foi feito um investimento maior. Primeiramente, foi preparada uma zona para parque de campismo. Recentemente, foi construído um bar, colocado um escorrega para os miúdos se poderem divertir e foram depositadas carradas de areia de praia para tornar o espaço mais convidativo. Há também uma área para churrascadas, que não pode, de momento, ser utilizada, devido ao facto de se situar junto ao pinhal e ao risco de incêndio. Resumindo, apesar desta pequena diferença, todas as praias são sítios onde as pessoas podem passar um tempo agradável à beira do rio, usufruindo da natureza, sem problemas ao redor.

Uma vez que são praias basicamente naturais, como têm os visitantes preservado o espaço?

Por norma, pedimos às pessoas para terem cuidado e recolherem o seu lixo na hora da partida. Nas épocas de maior fluxo e aos fins-de-semana, há sempre banhistas que deixam alguns detritos, mas a situação não é preocupante. Geralmente, as pessoas são conscienciosas e tendem a deixar os locais como os encontraram.

Qual a lotação destas zonas de veraneio?

Estas praias naturais quase que não têm limite. Conseguem receber toda a população da freguesia, uma vez que as lameiras são enormes. A do Pego, penso que leva 150 a 200 pessoas, um pouco menos nesta época devido às restrições.

Quem são as pessoas que as tendem a frequentar?

Acima de tudo, os habitantes locais. Vem muita gente de Vila Boa e arredores com os filhos, e netos, passar o dia. Por altura do mês de agosto, costumamos receber os nossos emigrantes. Este ano, infelizmente, são menos, pois muitos já gozaram férias durante a quarentena, nos diversos países onde estão a trabalhar, nomeadamente Luxemburgo, Suíça, França… Depois vêm pessoas dos grandes centros urbanos, até mais da zona de Lisboa. Por altura das férias, vêm ver os familiares que vivem nas nossas aldeias. Este ano estamos a receber mais turistas nacionais, pois trocaram as praias do Algarve e da costa lisboeta pelo nosso interior.

E isso é algo que vos apraz?

Sim, é claro. Esses visitantes, para nós, são um valor acrescido, pois usufruem das nossas pastelarias, restaurantes, farmácias, supermercados. E agora, com o quadro epidémico estabilizado, os turistas sentem-se seguros e vêm descansados. Contudo, o nosso comércio local devia ser mais dinamizado. Nós vivemos praticamente de serviços e as poucas pessoas que querem investir em Mões, e até no concelho de Castro daria, se não tiverem incentivos não se aguentam. Esta malta mais nova opta depois por se virar para a emigração e acabou. Foi também a pensar no bem-estar dos que cá estão que este ano nos viramos para a construção e remodelação de infraestruturas, uma vez que os eventos foram cancelados. Estamos, por exemplo, a transformar a antiga Escola Primária num centro Cultural com capacidade para 400 pessoas, vamos criar um jardim municipal e requalificar o parque infantil. Só criando as condições e fornecendo os devidos apoios é que conseguiremos reverter o quadro migratório e demográfico.

Estas praias são geralmente procuradas para banhos, mas gostaria de salientar algum outro evento passado?

Em termos desportivos, já tivemos a descida em caiaque no Rio Paiva. No ano passado, o Agrupamento de Escuteiros 280 de Castro Daire também realizou aqui um acampamento. Saliento, ainda, a Feira Medieval de Mões, que ocorre anualmente no segundo fim-de-semana de julho e que atrai milhares de visitantes. Muitos desses forasteiros optam por pernoitar e acampar aqui.

O que mais Mões tem para oferecer aos de fora?

Nós aqui temos duas coisas boas: o Rio Paiva, um dos menos poluídos da Europa, e a montanha, ambos originando paisagens e cenários lindíssimos. Há 3 anos fomos vítimas de um grande incêndio, mas, felizmente, o arvoredo já está a nascer. Provas de montanha passam regularmente pela nossa zona e organizamos o Cross de São Brás, que envolve cerca de 600 atletas todos os anos. O Caminho de Santiago, assim como a Rota da Transumância, também passa pela freguesia. Destaco ainda a nossa Igreja Matriz, Pelourinho, a imagem de S. Pedro, em pedra, com 3 metros de altura, e a festa religiosa de Santa Eufémia, uma das maiores do concelho. Não podemos esquecer que Mões é uma vila história que já foi sede de concelho e possui uma importante herança que merece ser partilhada. Num outro âmbito, apesar de Castro Daire ser conhecido pelo seu Bolo Podre, nós aqui temos o tradicional trigo amarelo, que não há igual em mais lado nenhum e que aconselho vivamente a provarem. A Quinta da Rabaçosa, de turismo rural, é outro dos nossos cartões de visita. Como vê, desde natureza, passando pelo património, até à gastronomia, a oferta é vastíssima. Mas apesar desta minha listagem, o melhor que nós cá temos são mesmo as pessoas. Hospitaleiras, gostam de receber e tratar bem quem vem de fora. Por isso, só me resta deixar o apelo para que venham comprovar.

Fotos: J. F. Mões / António Silva

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