ARTIGO DE OPINIÃO – Telemedicina: benefício ou complicação?

07/06/2025 17:36

 A telemedicina é a ferramenta que, via telefónica ou chamada de vídeo, permite a realização de consultas médicas à distância. Desde a pandemia COVID-19 que esta metodologia tem vindo a ganhar destaque, sendo atualmente uma alternativa essencial para garantir a continuidade dos cuidados de saúde.

Com a consolidação desta prática, e não obstante as suas vantagens, levantam-se algumas questões e evidenciam-se limitações que devem ser tidas em conta na construção do futuro.

Os benefícios da telemedicina são inegáveis. Destaca-se a acessibilidade, permitindo que utentes residentes em áreas mais remotas ou com mobilidade comprometida tenham acesso a cuidados de saúde sem necessidade de se deslocarem. Intimamente relacionadas estão a rapidez e eficiência que as consultas remotas oferecem, sendo uma excelente opção no acompanhamento de alguns doentes crónicos, na renovação de medicação habitual ou no esclarecimento de dúvidas. Vale reforçar também que a telemedicina é uma ferramenta poderosa para reduzir a sobrecarga hospitalar e dos centros de saúde, evitando visitas potencialmente desnecessárias e permitindo o melhor aproveitamento dos recursos de saúde.

No entanto, se por um lado se evidencia a acessibilidade, por outro lado deve ser tido em conta que nem todos os cidadãos têm acesso às ferramentas necessárias ou conhecimento para utilizar plataformas de teleconsulta. Evidencia-se também a falta de contacto humano como lacuna importante, já que a relação médico-utente se baseia na empatia e na observação direta, além da necessidade de realizar de exame físico para um diagnóstico correto de múltiplas situações clínicas.

A telemedicina representa um avanço importante para a modernização do sistema de saúde em Portugal, mas também traz desafios que não podem ser ignorados. Na construção do futuro é importante ter em consideração um modelo de integração híbrida no qual as consultas remotas complementam o atendimento presencial, sem o substituir, garantindo um equilíbrio entre comodidade e qualidade no diagnóstico e tratamento. Na mesma linha, é fundamental investir em infraestruturas e literacia digital e em saúde, garantido que todos os cidadãos possam beneficiar da telemedicina.

Assim, é crucial que a sociedade, o poder executivo e os profissionais de saúde trabalhem em conjunto para garantir que a digitalização da saúde beneficie todos, sem excluir os mais vulneráveis. A tecnologia deve ser um meio para melhorar a vida dos cidadãos, e não uma nova barreira no acesso aos cuidados de saúde.

Valéria Garcia

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