Será no dia 10 de Maio que se celebrará o XXVI Capítulo da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, que representando três concelhos, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, rotativamente vai alternando a realização das cerimónias capitulares.
Este ano a celebração decorrerá em S. Pedro do Sul, local onde recentemente se iniciou o ciclo de conferências “Confrarias e o Desenvolvimento Microeconómico”, organizado pela Confraria Gastronómica dos Sabores Portugueses, do Luxemburgo, e que foi objeto de um artigo de opinião.
Quanto ao Capítulo, a celebração inicia-se às 9h15 com a receção dos convidados no Hotel Vouga, nas Termas de S. Pedro do Sul, onde serão degustados os sabores locais.
Às 10h40 começará o sempre belo momento do desfile das Confrarias até ao Balneário Rainha D. Amélia, com hora prevista de chegada pelas 11 horas, momento em se realizará no seu auditório o momento cultural de boas vindas, a oração de sapiência e a entronização de novos confrades, bem como dos efetivos e de mérito.
Depois da foto de família, o almoço e convívio decorrerão no Hotel Vouga.
O Capítulo lafonense realiza-se numa altura crucial para o futuro das Confrarias, que através da Federação, da qual a Confraria dos Gastrónomos de Lafões é filiado, muito têm trabalho na obtenção do Estatuto de Utilidade Pública, dado o potencial que as confrarias podem oferecer em prol da preservação dos valores e cultura nacional.
Ministério da Cultura de mãos dadas com as Confrarias
Conforme referido no último artigo de opinião, no passado dia 27 de março foi assinado um protocolo entre o Ministério da Cultura e a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, na Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal, com vista a manter vivo o património gastronómico português.
No final do encontro, a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, falou à imprensa e realçou os seguintes aspetos, a qual foi transcrita na íntegra:
“As confrarias gastronómicas têm o grande poder de manter vivo o património gastronómico, que têm uma importância matricial no modo como nos relacionamos com os territórios. Ora, o Ministério da Cultura entende, e eu entendo, que o princípio da preservação e da valorização das práticas culturais, associadas a cada confraria gastronómica, vale ouro, no sentido em que associada a uma determinada oferta gastronómica e podemos ir, enfim, da espetada madeirense ao abade de priscos, ou a um cabrito da Serra da Estrela, nós sabemos que estamos fundamentalmente a falar da importância de manter ativo, vivo, e saudável um ecossistema de olhar para os territórios de onde vêm os produtos, de modo a que eles sejam valorizados, a partir do seu funcionamento ecossistémico, ou seja, da biodiversidade, da
dimensão ecológica, que vai depois naturalmente refletir-se na qualidade do património gastronómico, mas eu quero fundamente valorizar as práticas culturais associadas ao fabrico, à produção, à extração desses produtos, por forma a que essas práticas culturais, e estamos a falar da música, da dança, mas também de um legado patrimonial ao nível da cultura material, a produção de artefactos, tapeçarias diversas, que ainda estimulam a atividade produtora, nós podemos dizer artística, não vejo qualquer inconveniente em que se considerem essas práticas artesanais como uma forma artística, como dizia ao meu amigo Dr. Francisco Faria Paulino, agora ainda mesmo, à instantes, parece que quando falamos da arte estamos sempre a remeter para uma produção artística, das artes visuais ou performativas que têm lugar nos grandes equipamentos culturais e nos grandes centros urbanos. Não, as práticas artísticas acontecem no nosso quotidiano e nos ambientes menos formais e institucionais, eu penso que as confrarias gastronómicas são importantes parceiros do Ministério da Cultura na preservação dos legados por um lado materiais, por outro lado as manifestações das práticas culturais e artísticas associadas ao património gastronómico”.
Relativamente ao valor do acordo que ainda está a ser alinhavado, referiu que “na verdade não é tanto o montante que interessa, eu quero que o Ministério da Cultura reconheça a importância cultural das confrarias gastronómicas, quero tomar essa medida e essa decisão, e é sempre bom que de intenções se passe a uma produção, uma ação Legislativa de forma a garantir futuro às atuais políticas culturais deste governo que valorizam muito as práticas culturais ligadas ao património gastronómico”.