Tive a oportunidade de estar próximo de Sua Santidade, o Papa Francisco, na sua passagem pelo Santuário de Fátima em agosto de 2023. Uma experiência que correspondeu ao desejo de estar junto de alguém que admiro pela sua simplicidade e genuinidade, pelo seu espírito de humanidade e do bem comum. Durante a sua passagem por Portugal, o Papa Francisco deixou diversas mensagens aos jovens peregrinos, à comunidade cristã, mas também a todas as pessoas independentemente da sua crença, idade, cultura, profissão ou status social. São palavras que “provocam” e fazem refletir todas as gerações para a prática de boas ações em prol dos outros. Ninguém pode ficar indiferente aos desafios lançados pelo Papa Francisco. “Uma Igreja de todos, todos, todos” onde há espaço para as diferenças, para as dificuldades, onde certamente ninguém pode ser “dispensado”. Seja rico ou pobre. Crente ou menos crente. Uma pessoa com ou sem dificuldade física ou motora. Todas as famílias. Uma criança, um jovem, um adulto ou um idoso. Um mundo aberto às diferenças, onde todos devemos respeitar e ser respeitados. Naturalmente que estes ensinamentos não dão o direito às pessoas para prevaricarem e ficarem impunes pelos seus atos. Como referiu o Papa Francisco aos jornalistas no avião para Roma, “os abusos sexuais são extremamente graves e precisam de tolerância zero”. Referiu ser uma monstruosidade, estando certo de que a Igreja de tudo fará para condenar estas ações maquiavélicas. Durante as Jornadas, o Papa Francisco recebeu na Nunciatura 13 vítimas de abusos sexuais na Igreja Portuguesa, pedindo-lhes perdão. Este gesto não irá apagar a memória destas pessoas, mas é o reconhecimento de uma grave falha da Igreja e mais um impulso e uma força para apurar toda a verdade.
O Papa Francisco é o exemplo do bom Líder. É aquele que sabe comunicar, comandar e orientar. Transmite confiança e motivação. Com as suas sábias palavras, discorda, corrige e chama a atenção de quem não está no caminho certo. É tolerante e um bom ouvinte. Mantém um tom de voz calmo e um sorriso muito característico. Ajuda a levantar e dá energia àqueles que mais precisam. O poder não influencia as suas ações. Como referiu numas das suas homilias, “o único momento em que devemos olhar alguém de cima para baixo é para o ajudar a levantar-se”.
É importante reconhecermos a necessidade e importância dos outros. Pode ser patrão ou empregado. Pode ser muito conhecido nas redes sociais e na sociedade. Pode estar muito bem financeiramente. Pode ter poder. Como diz o Papa Francisco, “é isto que precisamos na vida: não é fama, dinheiro, sucesso, mas saber que não estamos sozinhos”.
Na presença de vários alunos da Universidade Católica Portuguesa e no seguimento de várias questões, o Papa Francisco respondeu sem hesitar que neste novo século em Portugal “gostaria que se realizasse a justiça social, a diminuição das diferenças entre ricos e pobres”. Comungo deste seu desejo, salientando a necessidade urgente para reformular e/ou criar de raiz legislação no setor social, da saúde e noutros domínios, com novas medidas que visem combater as diversas desigualdades, nomeadamente para os públicos mais vulneráveis.
Termino citando mais uma mensagem do Papa Francisco: “Resplandecer, ouvir e não ter medo”. Vamos ter esperança na construção de um Mundo melhor, onde todos, sem exceção, são fundamentais.
Michael Batista
