A prática de atividade física traz inúmeras vantagens em todas as faixas etárias. No entanto, sabe-se que uma vida ativa desde a infância traz múltiplos benefícios a curto prazo e permite que as crianças cresçam mais saudáveis física e mentalmente. Assim, os pais, professores e profissionais de saúde devem, desde cedo, incentivar a uma atividade física adequada, frequente e prazerosa.1-4
Qual a importância do exercício físico na infância e na adolescência?
A infância e a adolescência são fases cruciais do desenvolvimento das capacidades físicas e de hábitos saudáveis. O exercício físico regular é essencial para promover a saúde e boa forma física.2 Para além disso, está provado que crianças mais ativas se tornam adultos mais saudáveis, sendo este um hábito que transcende esta faixa etária e com impacto no futuro das nossas crianças.5 Em termos do sistema musculoesquelético, o exercício frequente e regular permite o fortalecimento muscular e aumento da coordenação motora, assim como o desenvolvimento ósseo e ajuda a manter um peso saudável. Em termos de metabólicos e cardíacos, ajuda a reduzir a tensão arterial em jovens com hipertensão e melhora o perfil lipídico através da redução do colesterol e triglicerídeos. Traz ainda uma melhor resistência física e força muscular e, não menos importante, reduz o risco de depressão e ansiedade. 2,4
Quais os benefícios para as crianças e adolescentes?
Para além dos benefícios mencionados, em particular abaixo dos 18 anos, o exercício físico traz vantagens a nível da melhoria do humor e na promoção de um sono de qualidade. É também uma oportunidade para socialização e trabalho em equipa. Em particular, as atividades organizadas são uma oportunidade para aprender a seguir regras adequadas à idade e suas aptidões, assim como desenvolver autodisciplina, autoestima e capacidade de liderança.4 Melhora também a capacidade de concentração e foco, assim como o desempenho académico. Tudo isto, reduzindo o risco de obesidade e seus efeitos na saúde.2,4 Para além disso, estes benefícios parecem também se verificar em crianças com alterações do Neurodesenvolvimento como Perturbação do Espetro do Autismo e Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. 6
Existe uma quantidade recomendada de atividade física para as crianças?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as crianças e adolescentes devem realizar, no mínimo, 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa. É importante incluir atividades aeróbicas, como por exemplo caminhadas, saltar à corda, correr e desportos como futebol ou basquetebol. As atividades de fortalecimento muscular e ósseo devem ser incluídas três dias por semana, por exemplo, saltar à corda ou correr. O recomendado é começar com pequenas quantidades de atividade física e aumentar gradualmente a frequência, intensidade e duração ao longo do tempo.1,4
Qual o tipo de exercício indicado para as diferentes faixas etárias?
O exercício pode ocorrer no contexto de jogos, brincadeiras, desporto, transporte, recreação, educação física ou exercício planeado. Dependendo da idade, há diferentes atividades que se adequam às capacidades e maturidade da criança. É importante ter sempre em conta a preferência destas.
Assim, na idade pré-escolar (3-5 anos), brincadeiras lúdicas e livres, como correr e saltar, atividades que estimulem a coordenação motora são preferenciais. Entre os 6 e os 12 anos, inscrição em desportos organizados e com regras mais estruturadas, que apostem na melhoria das habilidades motoras e sociais traz diferentes vantagens. Após os 12 anos, pode-se apostar em atividades mais intensas, como corrida ou desportos competitivos e atividades aeróbicas. 1,2, 7
Quais são os riscos do sedentarismo durante a infância?
O sedentarismo traz sérias consequências a nível da saúde física das crianças, como o aumento do risco de desenvolver obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, problemas respiratórios, assim como problemas de postura, fragilidade óssea e muscular. A nível psicológico, este aumenta o risco de desenvolver ansiedade e depressão, com baixa autoestima e dificuldades de socialização, resultado ainda em piores resultados académicos. 8
Como é que as novas tecnologias afetam o nível de atividade física das crianças?
Com a evolução tecnológica e a maior acessibilidade, sabe-se que o tempo que as crianças passam a utilizar ecrãs é cada vez maior. No entanto, sabemos também que com isto vêm importantes malefícios para a saúde das crianças. O excesso de tempo em ecrãs reduz, consequentemente, o tempo de atividade física, aumentando, a frequência de obesidade e distúrbios do sono.1 Uma estratégia pode ser optar por aplicações/jogos que incentivem o movimento ou que exijam atividade física.
Como é que os pais podem contribuir para o aumento da atividade física dos seus filhos?
É importante que os pais sejam exemplos de comportamento ativo e que se envolvam nas atividades com os seus filhos. Devem ser incorporadas nas rotinas do dia-a-dia atividades como caminhadas em família ou prática de desporto em conjunto. Os pais devem também limitar o tempo de ecrã e substitui-lo por atividades ao ar livre e deporto. Os pais não se podem esquecer que são a maior inspiração para os seus filhos!
É essencial promover a atividade física desde tenra idade, proporcionando um desenvolvimento saudável do corpo e da mente. A prática de exercício físico permite diminuir a incidência de múltiplas doenças físicas e mentais a longo prazo. Pais, professores e profissionais de saúde têm um papel crucial em incentivar e participar dessas atividades para criar hábitos saudáveis que perdurem na vida adulta.
Bibliografia
- Recomendações da OMS para atividade física e comportamento sedentário | Organização Mundial de Saúde
- Physical Activity Guidelines for American, 2ª edição | US Department of Health and Human Services
- Physical activity guidelines for children and young people | National Health Service – Reino Unido
- Physical activity and strength training in children and adolescents: An overview | UpToDate
- Tracking of physical activity from childhood to adulthood: a review | Obesity Facts Journal
- Physical Activity and Mental Health in Children and Adolescents With Neurodevelopmental Disorders – A Systematic Review and Meta-Analysis | JAMA Pediatrics
- Child Activity: An Overview | Centers for Disease Control and Prevention
- Sedentary Time | Boston Children’s Hospital
- Effects of Excessive Screen Time on Child Development: An Updated Review and Strategies for Management | Cureus Journal
[English version]
Health (i)Literacy: Exercise in Childhood – Growing with a Healthy Body and Mind
Engaging in physical activity brings numerous advantages across all age groups. However, it is well known that maintaining an active lifestyle from childhood provides multiple short-term benefits and allows children to grow up healthier, both physically and mentally. Therefore, parents, teachers, and healthcare professionals should encourage appropriate, frequent, and enjoyable physical activity from an early age.¹–⁴
What is the importance of physical exercise in childhood and adolescence?
Childhood and adolescence are crucial stages for the development of physical abilities and healthy habits. Regular physical exercise is essential for promoting health and physical fitness.² Moreover, it has been proven that more active children become healthier adults, with this habit extending beyond childhood and significantly impacting the future of our children.⁵ Regarding the musculoskeletal system, frequent and regular exercise strengthens muscles, improves motor coordination, and aids in bone development while helping to maintain a healthy weight. In metabolic and cardiovascular terms, it helps reduce blood pressure in young people with hypertension and improves lipid profiles by reducing cholesterol and triglycerides. Exercise also enhances physical endurance and muscle strength and, importantly, reduces the risk of depression and anxiety.²,⁴
What are the benefits for children and adolescents?
In addition to the previously mentioned benefits, particularly for those under 18, physical exercise improves mood and promotes better quality sleep. It also offers opportunities for socialisation and teamwork. Specifically, organised activities provide a chance to learn to follow age-appropriate rules and develop self-discipline, self-esteem, and leadership skills.⁴ Exercise also improves concentration and focus, along with academic performance. All of this contributes to reducing the risk of obesity and its health effects.²,⁴ Additionally, these benefits also seem to apply to children with neurodevelopmental conditions such as Autism Spectrum Disorder and Attention Deficit Hyperactivity Disorder.⁶
Is there a recommended amount of physical activity for children?
According to the World Health Organization (WHO), children and adolescents should engage in at least 60 minutes of moderate to vigorous physical activity per day. It’s important to include aerobic activities such as walking, skipping, running, and sports like football or basketball. Muscle and bone-strengthening activities should be incorporated three times a week, for example, skipping or running. The recommendation is to start with small amounts of physical activity and gradually increase the frequency, intensity, and duration over time.¹,⁴
What types of exercise are appropriate for different age groups?
Exercise can take place through games, play, sports, transportation, recreation, physical education, or planned exercise. Depending on the child’s age, different activities suit their abilities and maturity. It’s always important to consider the child’s preferences.
For preschool-aged children (3-5 years), playful and free activities like running, jumping, and exercises that stimulate motor coordination are preferable. Between ages 6 and 12, enrolling in organised sports with more structured rules, which focus on improving motor and social skills, offers various advantages. After age 12, more intense activities such as running, competitive sports, and aerobic exercises can be encouraged.¹,2,⁷
What are the risks of a sedentary lifestyle during childhood?
A sedentary lifestyle brings serious consequences for children’s physical health, such as an increased risk of developing obesity, type 2 diabetes, cardiovascular diseases, respiratory problems, as well as posture issues, and bone and muscle fragility. Psychologically, it raises the risk of anxiety and depression, low self-esteem, and socialisation difficulties, which can also result in poorer academic performance.⁸
How do new technologies affect children’s physical activity levels?
With technological advances and increased accessibility, children are spending more time using screens. However, we also know that this has significant negative effects on children’s health. Excessive screen time reduces physical activity, leading to higher rates of obesity and sleep disorders.¹ One strategy is to opt for apps or games that encourage movement or require physical activity.
How can parents help increase their children’s physical activity?
It is important for parents to model active behaviour and engage in activities with their children. Daily routines should incorporate activities like family walks or playing sports together. Parents should also limit screen time and replace it with outdoor activities and sports. It’s essential to remember that parents are the greatest inspiration for their children!
Promoting physical activity from an early age is crucial for healthy body and mind development. Exercise reduces the long-term incidence of various physical and mental illnesses. Parents, teachers, and healthcare professionals play a vital role in encouraging and participating in these activities to create healthy habits that last into adulthood.
Bibliography
- Recomendações da OMS para atividade física e comportamento sedentário | Organização Mundial de Saúde
- Physical Activity Guidelines for American, 2ª edição | US Department of Health and Human Services
- Physical activity guidelines for children and young people | National Health Service – Reino Unido
- Physical activity and strength training in children and adolescents: An overview | UpToDate
- Tracking of physical activity from childhood to adulthood: a review | Obesity Facts Journal
- Physical Activity and Mental Health in Children and Adolescents With Neurodevelopmental Disorders – A Systematic Review and Meta-Analysis | JAMA Pediatrics
- Child Activity: An Overview | Centers for Disease Control and Prevention
- Sedentary Time | Boston Children’s Hospital
- Effects of Excessive Screen Time on Child Development: An Updated Review and Strategies for Management | Cureus Journal