
No passado dia 8 de Fevereiro realizou-se no Hotel do Parque, em S. Pedro do Sul, uma conferência organizada pela Confraria Gastronómica de Sabores Portugueses, do Luxemburgo, que contou com a presença da confraria anfitriã, a nossa Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, em comunhão com uma dezena de confrarias de vários pontos do país, uma da Bélgica e à distância uma da Holanda, tendo participado também um leque de empresários, bem como três Associações Empresariais: da Região de Lafões, do Distrito de Viseu e a das Mulheres Empreendedoras, da Região Norte.
O objetivo geral foi promover a reflexão e o debate sobre o papel das confrarias como motores de desenvolvimento económico nas suas regiões, explorando o potencial da gastronomia e da cultura local como alavancas para impulsionar o turismo e outros setores económicos.
A participação foi muito bem composta, com mais de 70 inscritos, e ainda algumas pessoas que compareceram sem ter efetuada a inscrição
Dada a importância deste evento, que não se restringiu apenas à gastronomia local ou nacional, estivemos à conversa com Isabel Ferreira, a Grã-Mestre da Confraria Gastronómica de Sabores Portugueses, com sede no Luxemburgo.
AS (Aníbal Santos) – Antes de falarmos da conferência do passado dia 8 de Fevereiro, recuemos no tempo até ao fim-de-semana de 5 e 6 de Outubro de 2024. Pode elucidar-nos como decorreu o I Encontro Internacional de Confrarias no Luxemburgo?
IF (Isabel Ferreira) – O 1º Encontro Internacional de Confrarias foi um sucesso, pela receção na residência oficial do Sr. Embaixador, pelo impacto do desfile nas ruas de Esch-Sur-Alzette. A comunicação social no Luxemburgo deu-nos toda a atenção e protagonismo valorizando assim o evento e as confrarias que se deslocaram ao Luxemburgo.
AS – Como surgiu a ideia de organizar em território nacional a conferência “Confrarias e o Desenvolvimento Microeconómico”?
IF – A ideia para organizar esta conferência surgiu após o 1º Encontro Internacional de Confrarias no Luxemburgo, onde se reconheceu o potencial das confrarias para impulsionar o desenvolvimento das suas regiões. Ao promoverem as suas culturas, tradições e gastronomia, elas podem atrair o interesse de visitantes para essas áreas.
Com isso em mente, decidiu-se reunir os principais intervenientes capazes de contribuir e fortalecer esse modelo de desenvolvimento, como confrarias, associações de empresários, empresários e representantes da diáspora em países como Holanda, França e Bélgica, que podem atuar como catalisadores para o desenvolvimento regional de forma mais acelerada.
AS – Após definir o plano de ação para a realização da conferência, foi fácil concretizar a mesma?
IF – Até poderia dizer que foi fácil! Mas depois de ter passado, pelo facto de todas as dificuldades terem sido superadas com o sucesso da conferência.
AS – De facto, conseguiram captar a atenção de 11 confrarias nacionais de várias latitudes a esta primeira conferência. De onde viajaram essas confrarias?
IF – As confrarias que foram convidadas aderiram de imediato, tendo as nossas expectativas sido superadas, juntaram-se 11 confrarias a representarem Portugal desde Cinfães à Amadora, passando por Fafe, Estarreja, Lafões, Espinho, Miranda do Corvo, Viseu, Almeirim, Pateira de Fermentelos e da região do Dão. Bem como a presença da Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica.
AS – No seu entender, dada a adesão das confrarias e de empresários locais, deveu-se ao facto de que este projeto dinamizador poderá ter um forte impacto a nível local, nacional e até além-fronteiras?
IF – Tenho a certeza que este projeto irá ter um grande impacto no desenvolvimento das regiões, podendo já afirmar que depois de uma semana, já estamos a ser contactados por agências de viagens a pedir parcerias para os Roteiros Gastronómicos a propostas pelas Confrarias.
AS – Portanto, para além das confrarias desempenharem um papel essencial na preservação e promoção de hábitos, tradições, história e cultura, sendo a gastronomia o seu elemento central, que outros papéis poderão ter a nível turístico e económico?
IF – Desenvolvendo o turismo, já estamos a trabalhar numa indústria que poderá sustentabilizar a economia local, abrangendo vários sectores económicos!
AS – Assim sendo, as propostas apresentadas conseguiram sensibilizar as confrarias para a inovação e adaptação às novas dinâmicas do mercado, gerando impacto em sectores como a restauração, hotelaria e artesanato?
IF – Sem dúvida, saímos todos muito motivados, até pela atenção com os empresários e Associações Empresariais, que receberam a vontade de inovar da parte das confrarias.
AS – Dos objetivos e expectativas que tinha antes da conferência até à sua conclusão, qual é o balanço que faz deste primeiro evento?
IF – O balanço é muito positivo, o que nos faz pensar em replicar este modelo em outras regiões!
AS – Após esta conferência, além desse passo, que outros se seguirão?
IF – No final da conferência, anunciei os dois projetos que iremos fazer este ano, que inclui uma exposição de fotografias das Confrarias que estiveram presentes na Conferência, bem como a digressão a sair de Lisboa e percorrer todos os Concelhos das respetivas confrarias.
AS – Uma pergunta final, a qual não poderíamos deixar de a fazer: Houve algum motivo em especial para que a escolha da primeira conferência fosse no território lafonense, nomeadamente com o epicentro em S. Pedro do Sul?
IF – O facto da Conferência se realizar na região de Lafões deveu-se a vários fatores: Quando propus ao Hotel do Parque esta Conferência e os objetivos da mesma, aceitou de imediato este desafio. A posição geográfica, por estar situado na região Centro do País, e ser uma região que trabalha e representa muito bem a história da gastronomia de Lafões e ter tido uma massa humana que nos apoia e colabora.
Passeio por Lafões:
À margem da conferência, durante o fim-de-semana foram realizadas algumas actividades para os participantes da conferência e seus acompanhantes, em que se destacou o papel do termalismo na cura do corpo, com várias terapias e programas de SPA e um passeio por Lafões em que foi destacada igualmente a parte mais holística, como a alma e o espírito, com visitas guiadas a lugares como a Aldeia da Pena, Covas do Monte e São Macário, em que a anfitriã da Confraria dos Gastrónomos de Lafões, Elisabete Nunes, já traquejada nas andanças das visitas guiadas, explanou as lendas e mitos que a região orgulhosamente vai passando de geração em geração, evidenciando também o potencial turístico da região.
Aníbal Santos – Secretário da Direção da Confraria dos Gastrónomos de Lafões