No passado dia 2 de abril, celebrou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo. Trata-se de uma data que deve servir para uma profunda reflexão sobre as respostas educativas e sociais que existem em Portugal para as crianças, jovens e adultos com Perturbação do Espectro do Autismo.
Considero que infelizmente estamos muito longe de responder às necessidades destas pessoas e das suas famílias, com carência de recursos humanos especializados e de equipamentos capazes de desenvolver programas adaptados e de promover mais e melhor qualidade de vida.
No seio das famílias com casos de Autismo, existe um profundo sentimento comum de injustiça e até de alguma discriminação, pela falta de apoio e acompanhamento técnico especializado, independentemente da zona geográfica onde residem.
A Perturbação do Espectro do Autismo pode caracterizar-se por dificuldades aos níveis da comunicação e da interação social, com alterações de comportamento que se podem tornar repetitivos. Habitualmente manifesta-se nos primeiros 3 anos de vida, pelo que acresce a importância de um acompanhamento personalizado desde a creche, dando continuidade em todos os níveis de ensino.
Independentemente do trabalho desenvolvido nas escolas, cujo investimento deve ser mais elevado nesta área, são necessárias outras respostas sociais e organizações capazes de trabalhar em rede com os estabelecimentos de ensino, no desenvolvimento de terapias e atividades adequadas a cada um dos casos.
Os pais devem estar envolvidos com todos os profissionais, num trabalho que se pretende conjunto (escola / organização social / família e casa), com vista a melhorar as técnicas e os procedimentos adotados.
É importante monitorizar com regularidade as ações implementadas com estratégia de continuidade, nomeadamente aos níveis da integração social e inserção no mercado de trabalho das pessoas com Autismo.
O distrito de Viseu carece de mais investimento neste domínio. A Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) desenvolve uma parte significativa da sua atividade num edifício obsoleto em Abraveses, completamente desajustado às suas necessidades. Num país que se pauta pela equidade social, a justiça deve prevalecer sempre, reconhecendo-se as necessidades e diferenças de todos os públicos. Que todos saibamos lutar por aqueles que mais precisam, pelos outros, independentemente das nossas vivências e contextos familiares.