Teatro Viriato: Maio é sinónimo de estreia europeia, estreia nacional, música, teatro e cinema

01/05/2024 11:30

O mês de maio, no Teatro Viriato, é sinónimo de diversidade, com performances que conduzem o espectador numa reflexão sobre o papel e o futuro da mulher na sociedade, peças de teatro que abordam o corpo e os diferentes corpos, oficinas de música, novo circo e espetáculos de teatro para famílias, concertos irreverentes para os grandes amantes de bateria, seminários sobre cinema vanguardista e espetáculos de teatro que nos fazem viajar para marcos importantes da história de Portugal.

No dia 03 de maio, às 21h00, o Teatro Viriato recebe o concerto “Sangue Suor”, um projeto a seis mãos e três baterias composto pelos talentosos músicos Rui Rodrigues (At Freddy’s House, OSSO, Angela Polícia), Susie Filipe (Moonshiners, SIRICAIA) e Ricardo Martins (Pop Dell’Arte, Jibóia, Filho da Mãe). Esta é uma banda única, que surgiu de um convite do Theatro Circo e que se propõe a desconstruir e redefinir o conceito de “baterista”. A recém-criada e altamente rara banda no panorama musical português, eleva a importância da percussão e de três importantes bateristas na busca de liberdade criativa, novos sons, fúria, desassossego, fusão e experimentação.

A companhia Amarelo Silvestre estreia, nos dias 10 e 11 de maio, o espetáculo “Corpo Título”. Com direção artística de Rafaela Santos, este é um espetáculo que conta com a participação da Dançando com a Diferença, numa coprodução com o Teatro Viriato, Teatro Académico Gil Vicente e Cineteatro Louletano. Um espetáculo sobre o Corpo. Sobre o que é o Corpo. Sobre de quem é o Corpo. Sobre o direito ao Corpo. Sobre questões de apropriação do Corpo. Sobre questões de materialização do Corpo. O Corpo que todos julgamos e julgamos que os outros julgam e deixamos que os outros julguem. Esse é o Corpo em cena: uma instalação com performance dentro, com as certezas e incertezas de cada Corpo, com as interseções de Corpos e lugares na estreia deste espetáculo.

Para os mais novos, bebés, crianças e famílias, dia 11 de maio traz novamente ao Teatro Viriato a oficina de música “Tatabitato”, de Ana Bento e Bruno Pinto. Ao longo de 50 minutos, os artistas relacionam a música com a programação do Teatro Viriato e convidam os participantes a estabelecer pontes de comunicação, expressão e interação, de forma a estimular o desenvolvimento pessoal.

Também no campo da programação para famílias, Cláudia Gaiolas regressa a Viseu, nos dias 17 e 18, para mais um espetáculo do ciclo Antiprincesas. Desta vez, dão a conhecer Antónia Rodrigues, uma mulher à frente do seu tempo, que deixou a sua vila ao pé do Rio Vouga em busca de uma vida de aventuras, nomeadamente a bordo das caravelas portuguesas. Disfarçada de António conheceu terras distantes, lutou em batalhas ferozes e recebeu condecorações pelos atos de bravura. Para além da sessão para famílias, o espetáculo será ainda apresentado para escolas do 1.º Ciclo.

Nos dias 23, 24 e 25, o Teatro Viriato acolhe um dos espetáculos mais esperados. A estreia europeia de “BU!”, uma performance da artista brasileira Vanessa Martins. A artista materializa ironicamente, numa só boneca, os desejos do patriarcado e do mundo capitalista. Em palco, esta boneca com inteligência artificial promete ser o relacionamento perfeito para o século XXI, visto que nasceu para “realizar os nossos sonhos”, “não reclama”, “não tem sentimentos”, só faz o que queremos e ainda pergunta: “Assim, ‘tá bom?”. “BU!” não tem defeitos! Este espetáculo, considerado pela crítica como imperdível, estabelece um diálogo direto e aberto sobre abuso sexual, hipersexualização, prazer e objetificação do corpo feminino.

Com o objetivo de abordar os princípios universais que regem as artes performativas e a sua aplicação e compreensão através de exercícios artísticos, o Teatro Viriato promove mais uma sessão da oficina Casa Aberta/Open House, com a companhia Oliveira & Bachtler, no dia 25 de maio. Esta oficina destina-se a todos aqueles que queiram aprender ou aprofundar o seu conhecimento sobre as artes performativas, desde o público em geral aos profissionais do setor artístico, procurando desenvolver uma consciencialização dos mecanismos que permitem ao participante a articulação da sua voz para o espaço cénico.

Quase no final do mês a companhia Mala Voadora apresenta a peça “Old Cock”, nos dias 28 e 29 de maio, no Teatro Viriato. Escrita para Jorge Andrade, pelo escritor americano Robert Schenkkan (vencedor de um Prémio Pulitzer e de dois Prémios Tony), este é um espetáculo centrado na figura do Galo de Barcelos, o souvenir mais popular de Portugal, vendido como bibelot, porta-chaves, íman para frigorífico, postal, etc. Em “Old Cock”, ele ganha vida. Altivo, conta-nos a sua história: salvou da forca um peregrino erradamente acusado de um crime. Mas não está satisfeito, exige explicações e quem surge para o esclarecer é Salazar (em deepfake), o ditador que manteve Portugal no fascismo durante mais de 40 anos. É assim que o galo fica a saber que, afinal, faz parte da ficção nacionalista manipuladora que Salazar inventou. O Galo recupera a sua vocação de justiceiro e vai querer vingar-se do populista Salazar. A peça será apresentada no dia 29 para público geral e no dia 28 para turmas do ensino secundário e ensino superior.

O mês termina com o seminário “Cinema de Vanguarda / Nos anos 1930 a 1970 norte-americanos”, que acontece nos dias 31 de maio e 01 de junho, com o reconhecido e influente historiador de cinema Richard Peña. Organizado pelo Teatro Viriato em parceria com o Cine Clube de Viseu, este seminário, em português, é uma oportunidade de reflexão e discussão de um tema nevrálgico na criação contemporânea. O cinema de vanguarda dos anos 60 conquistou um espaço vital na criação contemporânea, em que parte dos realizadores desafiou noções de género e sexualidade. Algo que pode inspirar e criar lastro em jovens interessados no contacto com uma personalidade inspiradora no universo do cinema. Richard Peña foi Diretor de programação do Film Society of Lincoln Center e do Festival de Cinema de Nova Iorque entre 1988 e 2012.

Foto// DR  “BU!”  © João Casalino

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