Quando o movimento se transforma em dança? Esta foi a pergunta que, em 1972, instigou Steve Paxton, um bailarino norte-americano, com experiência em ginástica olímpica, e Aikido, a criar um grupo de pesquisa com amigos que se dedicavam às mais diversas disciplinas corporais. A resposta surgiu não em palavras, mas em forma de uma prática, que brinca com as leis da física e a intuição de quem se move, e que foi batizada Contacto Improvisação.
Na dança de contato não há passos pré-determinados, mas é muito comum ver corpos rolando uns sobre os outros, tanto no chão como de pé, em inusitadas acrobacias. A dança pode se desenvolver em solos, duos, trios, quartetos… Em movimentos subtis ou em alta velocidade: o ritmo da dança é dado pela escuta do ritmo próprio e do diálogo de movimento criado na interação com outros corpos e com o espaço. Trata-se pois de um técnica de dança improvisada, com duas ou mais pessoas, em contato físico ou não, com ou sem música, também considerada uma dança-desporto.
Neste ciclo introdutório à dança de Contato Improvisação, dinamizado pela facilitadora Mi Chan Tchung, serão explorados os princípios dessa dança de forma lúdica, com o trabalho incidindo tanto no âmbito da fisicalidade como no nível emocional, dado que esta é uma prática que ativa sentimentos instintivos relacionados ao movimento, como o sonho de voar, o medo de cair e o desejo do retorno ao útero.
Cada aula terminará com uma Jam Session: um tempo e espaço livre para a criação espontânea e conjunta da dança de Contacto Improvisação. Haverá uma condução ao início de cada jam, para dar à experiência um denominador comum e facilitar a integração das pessoas novas à forma.
O curso, que decorre no terceiro sábado de cada mês, das 10h00 às 12h30, de outubro a setembro, é indicado a toda e qualquer pessoa interessada no movimento e no uso do próprio corpo, nomeadamente bailarinos, atores, ginastas, praticantes de artes circenses ou artes marciais.
Mi Chan Tchung
Nasci no Brasil, e desde minha adolescência comecei meus estudos em teatro, circo, filosofia e produção cultural. Após concluir a licenciatura em Comunicação das Artes do Corpo, fui viver na Argentina, onde me especializei em Contato Improvisação, prática que se tornou o eixo fundamental da minha vida. Em paralelo, me dediquei às viagens, à meditação zazen, à produção cinematográfica, ao estudo de práticas somáticas e terapêuticas e conclui minha segunda carreira universitária, Pedagogia. Em minha busca pessoal, encontro no universo lúdico um portal direto para o mistério. Alio a intuição ao repertório técnico para pesquisar e desenvolver metodologias de ensino-aprendizagem e de autoconhecimento através das expressões artísticas, em especial dos jogos e brincadeiras para adultos. Atuo como educadora, performer, produtora e terapeuta e em 2020 co-fundo a cia. Las Titis, com a qual desenvolvo internacionalmente projetos artístico-pedagógicos sob o lema “arte, saúde, amor e humor”. Atualmente vivo em Portugal, realizo estudos de pós-graduação em Ludoterapia e em Arteterapia, e me aventuro na revitalização de uma vila de ruínas de pedras.