Exposição MUSGO inaugurada este sábado na Quinta da Cruz, em Viseu

23/03/2023 10:39

No próximo sábado, pelas 15h00, na Quinta da Cruz, é inaugurada pela Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, Leonor Barata, a nova exposição/instalação temporária que irá ocupar a Sala do Forno, intitulada “MUSGO”, da dupla de artistas Daniel Moreira e Rita Castro Neves.

Os visitantes serão convidados a explorar os conceitos de natureza e território, através de uma prática artística, atenta a um corpo que vê e sente.

A par de um conjunto de desenhos que retratam planos aproximados de musgos, há ainda uma escultura construída por Daniel Moreira e Rita Castro Neves, que levanta questões sobre a perceção tridimensional.

A exposição MUSGO poderá ser visitada no Museu Municipal até 22 de julho.

Sobre a exposição:

Partindo de uma prática artística atenta à natureza e à representação do território, em MUSGO, os artistas associam livremente, e num só gesto, ações como pensar, ver e sentir.

MUSGO evoca profundidade, textura, matéria orgânica, tempos húmidos e de cor vibrante, ou não fosse esta uma planta ombrófila, por natureza, da sombra.

A antiga Sala do Forno – a sala do fogo e da transformação, portanto – recebe um conjunto de desenhos, na parede, planos aproximados de musgos que lembram estudos da matéria.

No centro da sala destaca-se uma máquina de mostrar imagens construída pelos artistas, que é como que uma experiência sobre possibilidades de percecionar paisagem. A peça evoca a imagem histórica de um visor estereoscópico, esses pequenos dispositivos comuns na segunda metade do séc. XIX, que criavam a impressiva ilusão de profundidade tridimensional (3D), a partir de duas fotografias bidimensionais (quase) idênticas. Importantes divulgadores das paisagens de lugares outros, e com uma tónica escapista, os visores estereoscópicos, tal como a carte postal, foram também firmes estabelecedores de ideais de exotização pitoresca.

Em MUSGO, olhamos para o que nos está próximo. Cria-se um dispositivo para imaginar um corpo novo, que vê com as mãos e tateia com os olhos, o que ao mesmo tempo que nos interroga sobre as nossas limitações, liberta-nos para novas competências: experimentar a visão como consciencialização corporal, usar o corpo como forma de conhecer. Invocando uma fusão entre vários planos sensoriais, a instalação remete para a sinestesia, e, pela forma como os vários elementos contribuem individualmente para o momento criado, a sinergia. Os olhos são substituídos por écrans e a visão binocular já não concentra a imagem (como faz o cérebro de muitos animais), antes a separa. Mas ao contrário do que se poderia pensar, o dispositivo não está no campo da hiperbolização tecnológica, antes assenta numa desarmante simplicidade de meios.

A dimensão do dispositivo criado – com o seu núcleo de vácuo – remete para uma ideia de caixa negra, dentro da qual não sabemos exatamente o que se passa, como se processam as coisas, a verdadeira dimensão da complexidade do sistema. É como um enigma.

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