Colóquio do Centenário do Sport Viseu e Benfica com entrada livre

17/08/2024 11:47

A Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu vai acolher, a 24 de agosto, pelas 09h15,  o Colóquio do Centenário do Sport Viseu e Benfica subordinado à temática: “Que futebol em 2030?”

Com entrada gratuita, a iniciativa será o(re)encontro de muitos antigos atletas, dirigentes, treinadores de várias gerações que recordarão momentos e companheiros. O Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, marcará presença neste evento, assim como outras figuras do panorama futebolístico português.

Segundo nota do clube, “pretende-se que este colóquio seja um espaço de transmissão e partilha de conhecimento com conteúdo relevante da atualidade desportiva no que concerne ao futebol, quer nacional, mas também regional projetando em simultâneo o futuro, mas também revisando as memórias do passado.”

O Sport Viseu e Benfica está a comemorar 100 anos de vida. Fundado a 1 de agosto de 1924, como Sport Lisboa e Viseu, alguns anos mais tarde houve alteração na denominação do clube que passou a chamar-se Sport Viseu e Benfica.

“O SVB olha para os momentos marcantes da história do clube, desde as origens no Café Avenida até aos dias de hoje, com orgulho. A viagem passa pelos campos do distrito e chega mesmo à 2.ª divisão nacional – 3.ª competição do panorama nacional no século passado. São inúmeros os dirigentes, atletas, treinadores e outros colaboradores que serviram o Sport Viseu e Benfica durante estes 100 anos. António Simões, internacional português, foi o nome mais sonante que vestiu a camisola do clube da “rua das bocas”. 

No passado dia 1 de agosto, o clube assinalou a efeméride com uma missa na Igreja da Nossa Senhora da Conceição, local emblemático para o clube que nasceu para os lados da Ribeira. 

Como nasceu o Viseu e Benfica

Foi em 1 de agosto de 1924! 

Nessa altura jogava eu no Grupo União de Futebol que tinha uma boa equipa e que durante anos não perdeu um único jogo. Nesse ano de 1924, Aveiro organizou uma excursão oficial a Viseu que veio integrada de todas as entidades distritais, incluindo um belo grupo cénico, mas os Galitos também quiseram fazer parte da caravana e mostraram-se interessados em realizar nesta cidade um encontro de futebol com uma seleção de Viseu.

Para esse efeito dirigiram-se ao Presidente da Comissão de Turismo Viseense, o sempre saudoso amigo da nossa cidade e que sempre se mostrava interessado por tudo quanto lhe dizia respeito – o capitão Almeida Moreira. A fim de satisfazer a pretensão dos aveirenses, o Sr. Capitão Moreira convidou-me a levar a cabo a formação do grupo que os havia de enfrentar. Aceitei o convite.

Assente isto, procurei o Capitão do Viriato, Abel Leonídio que se colocou inteiramente ao meu dispor. Assim, assentámos em constituir o grupo com os melhores jogadores dos dois grupos, e começamos a treinar todos os dias, para estarmos em condições de fazermos frente ao nosso adversário, sem receio algum.

Decorriam os treinos normalmente, sendo a bola fornecida pelo Viriato e o equipamento pelo União, e era este grupo com os melhores jogadores que até tinha banho com chuveiro.

Tudo corria muito bem, quando um dia ao chegarmos ao balneário, foi-nos dito pela mulher que tomava conta da lavagem dos equipamentos e da limpeza do balneário, que tinha recebido da direção ordem de não abrir a porta do balneário. No mesmo momento, apareceram os jogadores do Viriato e o Abel Leonidio disse-me que quando foi para ir buscar a bola, também lá tinham dado ordem para não a entregar. Devo dizer que tudo quanto se estava a fazer, era do inteiro conhecimento das Direções dos respetivos grupos.

Em face do que nos surgiu, não dando as Direções dos dois Clubes satisfação alguma ao que estava a acontecer, e mandando por uma criada dizer aos capitães dos dois clubes, que não tínhamos ordem de entrar no balneário e a negação da bola por outra parte, levou-nos á conclusão de que alguma coisa havia contra nós.

Assim dirigimo-nos ao café Avenida, onde ventilamos o assunto que estava a acontecer e, nessa altura, o Alferes António Carlos, que fazia parte da nossa seleção, dirigindo-se a todos nós, disse o seguinte: 

– “Só temos um caminho a seguir, é fundarmos um novo Clube”. Assente esta revolução, pensou-se que nome devíamos dar á nova coletividade e foi então que eu disse para estabelecermos em Viseu uma filial do Benfica, pois assim tínhamos equipamentos novos dados pela Sede, e além disso tínhamos um auxílio sempre que tivéssemos dificuldades. Estávamos todos de acordo, resolveu-se, em face da minha proposta, fundar-se nesta cidade mais uma filial do Benfica.

Tenho que aqui dizer, por ser verdade, que esse anseio nunca nos faltou, quando as dificuldades surgiram, e não merece a pena estar agora a relembrar, qual os anseios que temos recebido da sede, porque foram já tantos, que perderia muito tempo a estar a enumerá-los.

Quero, no entanto, frisar aqui, que o primeiro Clube de Viseu que ingressou na segunda Divisão Nacional foi o Viseu e Benfica, e que a Associação de Futebol de Viseu foi fundada por iniciativa do nosso Clube, e tanto assim que dos seus fundadores, 4 eram atletas do Viseu e Benfica, e a cidade de Viseu deve ao nosso Clube, tudo quanto em futebol se tem feito, para não falar no atletismo, patinagem, Ping-Pong, ciclismo, andebol, voleibol, etc.

Foi assim que nasceu o Sport Viseu e Benfica, primitivamente denominado Sport Lisboa e Viseu.

Por Edmundo de Oliveira 

in Viseu Futebol: para que não se perca no tempo… a história do futebol viseense, vol. 1 / Carlos Costa; Viseu: 2004.- ISBN 972-911970-08

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