A fábrica da Autoeuropa, em Palmela, vai ser obrigada a fazer uma paragem na produção de nove semanas entre 11 de setembro e 12 de novembro. Razão para esta paragem, a falta de fornecimento de uma peça para fabrico dos motores do modelo T-Roc da Volkswagen, o único modelo produzido na fábrica.
A importância desta fábrica do grupo Volkswagen para a economia portuguesa é enorme, é a maior fábrica de automóveis do país, representa cerca de 1,5 do PIB nacional e 4% das exportações portuguesas.
De uma forma direta, a fábrica vai parar por falta de uma peça. Esta peça é fabricada por uma empresa eslovena, a KLS Ljubno, que foi fortemente afetada pelas fortes chuvas e enxurradas que assolaram a Eslovénia no início de agosto. A retoma da produção da fábrica eslovena está prevista para meados de outubro, de forma parcial.
Duas reflexões.
Os fenómenos climatéricos estão a ter cada vez maior influência na nossa vida e em tudo o que nos rodeia, onde se inclui também a economia, e a cada vez maior dependência de certos tipos de indústria de um fornecedor e país, o que se verificou também recentemente com a crise na produção de semicondutores.
As enxurradas paralisaram a economia da Eslovénia.
O setor automóvel é a maior indústria da Eslovénia, é responsável por 10% da riqueza gerada no país dando emprego a mais de 16.000 pessoas. Esta importância tem reflexos e implicações na indústria automóvel europeia. Segundo dados estatísticos, não existe nenhum carro fabricado na Europa que não leve pelo menos uma peça produzida na Eslovénia.
A KLS Ljubno, a empresa que está a provocar a paragem da Autoeuropa, fornece peças para 80% das fábricas de automóveis europeias.
A necessidade da diversificação de fornecedores de componentes para a indústria automóvel, representa uma oportunidade para as indústrias nacionais do sector de componentes.
No clima de incerteza global que vivemos, exponenciado pelas alterações climáticas, a diversificação das cadeias de abastecimento para prevenir paragens de produção é essencial e urgente.