Recentemente soube-se que há três florestas na Europa que emitem mais gases poluentes do que são capazes de absorver. A única em Portugal localiza-se na região Centro.
Portugal tem há muito tempo um desinteresse crónico na produção e armazenamento de informação (algo que só recentemente tem vindo a ser positivamente combatido), e a área de estudos do ambiente é das que mais sofre. A câmara municipal de Viseu (CMV), por exemplo, destaca apenas 3,7 milhões de euros do seu orçamento para a proteção das florestas da região. É deveras fácil encontrar mobília despejada nas florestas de dentro e fora da cidade, assim como plantas invasoras – que não só deterioram o solo, como danificam os ares, impedem a desenvoltura de vegetação nativa (que tornaria os solos mais resistentes a incêndios), exponenciam os gastos com a saúde pública associados a mais doenças respiratórias e danificam a economia ao degradar os solos e afetar a produção agrícola.
Há uma grande inércia no que toca à conservação, proteção e estudo das nossas florestas, sendo que as mesmas estão cada vez mais abandonadas (quase 80% ao abandono ou mal geridas) por privados e desprezadas pelas câmaras municipais de todo o país – e a CMV (ou Cidade Jardim) não é exceção. Investigadores estado unidenses apontam a monocultura do eucalipto e pinheiro, bastante presentes no nosso distrito, como um dos principais problemas.
Cerca de 97% das florestas portuguesas têm proprietários privados. Ora, sendo Portugal um país onde grande parte da população vive sem grandes extras financeiros no final do mês, e sendo este o segundo país mais envelhecido da Europa, é essencial que o poder governativo deixe de colocar o peso da preservação ambiental em proprietários. Proprietários esses que cada vez mais se queixam de não poderem cumprir com as suas obrigações dadas as limitações que aparecem com a idade .
Dos imensos países por todo o planeta que valorizam e protegem o meio ambiente na prática e na lei, Portugal fica bastante aquém do que seria necessário para a proteção da natureza, desvalorizando os benefícios de se ter a flora e fauna verdadeiramente protegidas e tratando o meio ambiente com a mesma mentalidade da época do colonialismo. As florestas e a vida animal não são para se destruir, como aliás podemos observar com realidades de países como o Congo, o Brasil e a Costa Rica, sendo o último o exemplo máximo de como a conservação ambiental acarreta imensos benefícios – de entre os quais o tão valorado turismo (muitas vezes sobreposto ao investimento no próprio desenvolvimento da população) – e os dois primeiros grandes exemplos de como a destruição ambiental destrói vidas.
Assim sendo, as eleições autárquicas estão próximas e infelizmente não parece que a preservação do meio ambiente e da vida animal estejam no menu de preocupações por parte dos mesmos do costume. Consequentemente e tristemente, tudo indica que as nossas florestas continuaram a ser destruídas e as nossas espécies animais continuarão a ser atacadas e reduzidas até, seguindo este caminho, mais extinções. Não podemos continuar a esperar que a Espanha venha salvar as espécies ibéricas, e proteger quem caça, porque estas pessoas não são indígenas. Indígena é quem protege o seu meio ambiente.