ARTIGO DE OPINIÃO: Igualdade de Género na Educação

24/05/2023 18:30

Recentemente têm-se ouvido bastantes discussões acerca de igualdade de género, sexualidade e ideologia de género nas escolas, e a maior parte das vezes vemos estes três assuntos misturados nas bocas do povo, o que demonstra uma falta de compreensão sobre o tema, juntamente com falta de vontade em perceber o que verdadeiramente significa igualdade de género.

Primeiramente, a ideologia de género configura-se como uma teoria criada pela igreja católica e adotada pelos movimentos conservadores de direita. Esta teoria defende o feminismo como radical e sustentado numa rivalidade entre homem e mulher, a comunidade LGBTQIA+ e a educação sexual nas escolas como um atentado à “família natural” da Bíblia. Assim, a ideologia de género acaba por concretizar mais um ataque da Igreja à evolução societária em completa descredibilização da ciência e tentativa de controlo de massas populacionais e imposição de crenças, acreditem as pessoas ou não no deus católico.

A sexualidade trata já, como o nome indica, das questões sexuais. Quem mais facilmente acredita nas teorias da ideologia de género crê também que se vai ensinar às crianças como ter relações sexuais, o que não podia ser mais vazio de veracidade. Trata-se sim de ensinar o que são relações tóxicas e saudáveis, ensinar a identificar possíveis abusos sexuais (até porque mais de 90% de agressores sexuais são próximos das vítimas, sejam familiares ou conhecidos), como evitar ISTs, DSTs e gravidezes indesejadas (sobretudo na menoridade), assim como tirar a multiplicidade de dúvidas que cada faixa etária vai tendo em relação ao assunto.

Por fim, a igualdade de género, recomendada por incontáveis agências e organizações nacionais e internacionais especializadas no assunto, assume um incrível potencial de transformação societária, contribuindo para a mitigação de normas de género danosas à sociedade (das vestimentas a comportamentos associados a cada género), assim como práticas e atitudes graves e criminosas. 

A educação em plena igualdade de género ainda não existe. Docentes ainda interagem diferenciadamente com pupilos tendo em conta o seu género, apesar de investigações demonstrarem que estas interações são realizadas sem uma intenção consciente de discriminar, o que acaba por se revelar na capacidade de aprendizagem e atenção de estudantes masculinos, por exemplo, que se queda aquém da das meninas, ou na autoconfiança presente em cada género, mais vezes identificada em meninos que meninas. 

A educação em plena igualdade de género é capaz de salvar vidas tanto de homens como mulheres, de reduzir a pobreza e a sua perpetuação geracional, assim como influenciar diretamente as taxas de mortalidade infantil e materna, tal como o casamento precoce e a violência de género (onde se inclui a violência doméstica).

Assim, a educação em e para a igualdade de género é urgente e essencial para uma sociedade menos violenta, mais desenvolvida, equilibrada e realmente igual em direitos. 

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