A Lei n.º 60/2009 de 6 de agosto estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar. Todos os anos letivos, normalmente no início, os docentes elaboram um projeto de “Educação para a Sexualidade” a desenvolver ao longo do ano, sendo a carga horária distribuída, consoante o ciclo: 6 horas, no ensino básico, 12 horas no terceiro ciclo e ensino secundário.
A abordagem deste tema, Sexualidade, não é tarefa fácil para um professor. Na área em que leciono, Artes Visuais, procuro fazer uma reflexão sobre este assunto recorrendo à arte uma vez que considero que a sexualidade também está muito relacionada à representação da figura humana ao longo dos anos. Procuro, desta forma, contribuir para que os alunos ultrapassem os preconceitos que muitas vezes trazem dentro de si em relação ao (seu) corpo mas também ao objeto artístico. Esta reflexão sobre as imagens que vou apresentando, permite-lhes um conhecimento das obras não só em termos formais, mas também no âmbito do contexto histórico e social em que esses objetos artísticos foram realizados. Claro que essas imagens passam por mostrar a escultura do “David” de Miguel Ângelo, mas também outras obras em que a representação do “Nu” é evidentemente assumida. É muito interessante tentar compreender a opinião dos alunos sobre algumas obras que lhes são apresentadas; se inicialmente surgem alguns risos e observações menos corretas, com o decorrer da abordagem a curiosidade instala-se, assim como o desejo de saber e compreender. Acabamos por falar de sentimentos e respeito, refletimos sobre responsabilidade.
A reflexão sobre este tema, através da abordagem de diferentes obras e artistas, possibilita aos alunos não só o conhecimento, mas também o desenvolvimento de competências pessoais, que se refletem nas relações interpessoais, aspetos tão importantes numa sexualidade consciente.
Um desses artistas é Fernando Botero, escultor e pintor colombiano, que faleceu recentemente e cuja obra assume uma identidade própria com uma característica inconfundível: o artista “engorda” as figuras que pinta. Ao conferir um aspeto volumoso as suas personagens cativam o olhar, despoletando interesse e admiração nos alunos.
Fica aqui a minha singela homenagem.