Sendo a gastronomia de Lafões sobejamente conhecida de lés-a-lés e estando os vinhos de Lafões cada vez mais a conquistar mercados, fruto da aposta na sua qualidade e inovação, para o XXVI Capítulo da Confraria dos Gastrónomos de Lafões escolheram como tema do Capítulo: “Os vinhos de Lafões”. Capítulo esse que se realizou em S. Pedro do Sul, no passado dia 10 de Maio.
Dando visibilidade à parte enológica, e vindo propositadamente da Alemanha, foi convidada para palestrar a enóloga Teresa Campos de Melo Colaço do Rosário, autora dos textos do livro ‘Vinhos de Lafões – Um terroir único por descobrir’, um projeto da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, e complementado com fotografias de António Homem Cardoso.
Vivendo atualmente na Alemanha, mas com raízes em Lafões, a enóloga não só ajudou a destacar os vinhos da região em Portugal, como também desempenhou um papel determinante na sua expansão internacional. Filha do engenheiro Colaço do Rosário, uma figura incontornável do sector vinícola no Alentejo, Teresa herdou o gosto e o conhecimento sobre o mundo dos vinhos.
O seu contributo, fruto da ligação com a sommelier canadiana Natalie Richard, que visitou alguns países europeus, e efetuando uma paragem por Lafões, originaram um destaque dos vinhos da região fora do país, com perspetivas de crescimento, inclusive no Canadá.
Perante o trabalho realizado, a Dra. Teresa Colaço foi homenageada com o título de confrade de Mérito da Confraria.
A cerimónia Capitular foi presenciada por cerca de 30 confrarias nacionais, que este ano atraiu um número superior de confrades face ao ano anterior, o que comprova que a confraria tem feito um bom trabalho de divulgação e promoção de todas riquezas gastronómicas da nossa região.
Com mais de uma centena de pessoas presentes no Capítulo, e contando com a presença dos representantes dos três municípios de Lafões, para além de testemunharem a entronização de três novos confrades efetivos, um por cada concelho lafonense, assistiram também ao programa cultural, que foi composto pelo Grupo de Bombos da Associação Cultural e Recreativa de Cambra e pelo Grupo Cant´a 3 Vozes, um projeto no âmbito da “Cultura entre Pontes”, que uniu quatro concelhos em torno das polifonias, e que visa a valorização e divulgação do canto polifónico no feminino com elementos dos concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela, São Pedro do Sul e Sever do Vouga.
Como o melhor fica para o fim, e dado que foi um Capítulo que consensualmente decorreu muito bem, falta referir que o prato mais conhecido da região, a Vitela à Lafões, teve um destaque que reuniu o reconhecimento de homenagear como Confrade de Mérito uma entidade em vez de uma individualidade: o SuperTalho Vouzelense.
Nesse momento de mérito, foi dissertada a história e o conhecimento dos primórdios da certificação dessa iguaria, sob a forma de um texto que foi lido durante a cerimónia:
“Em 1994, pelo Despacho 55/94, de 03 de fevereiro, foi reconhecida como indicação geográfica a denominação tradicional e consagrada pelo uso ‘Vitela de Lafões’, os produtos que obedecessem às características fixadas em anexos do referido despacho, processo iniciado pela Cooperativa Agrícola de Vouzela, C.R.L., sendo publicado o seu registo em 1996 pelo Regulamento (CE) No 1107/96, de 12 de junho.
Em 10 de setembro de 1999, além de outros assuntos, o então Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Vítor Barros, numa visita ao Município de Vouzela, assinou um protocolo para a comercialização da Vitela de Lafões, com as entidades responsáveis pela sua comercialização, sendo elas os comerciantes (talhantes), a Cooperativa Agrícola de Vouzela (CAV) (gestora da identificação geográfica protegida) e a Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões (ADRL) (organismo privado de controlo e certificação), protocolo esse contendo as obrigações devidas quer pelos comerciantes, quer pelas entidades que o assinaram.
Os comerciantes que assinaram esse protocolo foram: o SuperTalho Vouzelense, o Talho Neves e o Talho da Praça, todos de Vouzela. Igualmente assinou o protocolo o Talho Santa Cruz, de Santa Cruz da Trapa.
Com o passar dos tempos, os comerciantes, entidade gestora e organismo de certificação foram alterados. Em 18 de maio de 2007, a Cooperativa Agrícola de Vouzela C.R.L. celebrou um acordo de transferência de responsabilidades para a Cooperativa Três Serras de Lafões, C.R.L., entre elas a gestão do uso da Indicação Geográfica Protegida ‘Vitela de Lafões’, que foi concretizado por despacho do Diretor do GPP em 9 de janeiro de 2008, publicado a 18 de maio pelo Aviso no 11021/2011.
Igualmente os comerciantes (talhantes) que a comercializavam foram alterando, ora por cessação de negócio, ora por mudança de gerência, ora por questões económicas, deixando de a comercializar.
Em 2018, sabendo que o SuperTalho Vouzelense estava na iminência de fechar, o sonho de criança do jovem Tiago Soares ganhou consistência, e tornou-se no novo proprietário do SuperTalho Vouzelense. Não sendo pessoa de cruzar braços, mas de arregaçar as mangas e lutar pelo que quer, modernizou o estabelecimento, contactou as entidades responsáveis, e trouxe de volta ao comércio a Vitela de Lafões Certificada.
Atualmente trabalhando com a Cooperativa Três Serras de Lafões, C.R.L. e a Kiwa Sativa – Unipessoal, Lda., comercializa a Vitela de Lafões, voltando a ser fornecedor deste tesouro da nossa região, uma iguaria ímpar, única, macia e suculenta para quem a quiser degustar.
Agora nas mãos da firma Espelho da Pá, Unipessoal, na pessoa do Tiago Soares, seu gerente, a quem reconhecemos o trabalho e dedicação para manter a comercialização da Vitela de Lafões (IGP)”.
