ARTIGO DE OPINIÃO – Cancro da Cabeça e Pescoço: a deteção precoce é fundamental

27/07/2024 17:08

O cancro da cabeça e pescoço engloba um extenso grupo de tumores malignos e a Cirurgia Maxilofacial tem um papel fundamental no diagnóstico e tratamento deste tipo de tumores, em particular no cancro da cavidade oral, glândulas salivares, seios perinasais, ossos e tecidos moles da face, gânglios do pescoço e pele da cabeça e pescoço.

Por ano, em Portugal, são diagnosticados mais de 2000 novos casos. Um dos tumores mais frequentes é o cancro da cavidade oral que, apesar de grave, pode ser controlado se for detetado e tratado precocemente. No entanto, a mortalidade global permanece elevada porque muitos doentes são diagnosticados numa fase avançada.

Estes tumores são mais frequentes a partir dos 50 anos e no sexo masculino, embora haja cada vez casos em mulheres. Os principais fatores de risco são o consumo de tabaco, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, os traumatismos crónicos (por exemplo, próteses dentárias mal adaptadas), a má higiene oral, a infeção pelo papilomavírus humano – HPV – e a exposição solar excessiva (no caso do cancro da pele). A maioria destes fatores de risco têm em comum o facto de serem preveníveis.

Na data em que se assinala o Dia Mundial do Cancro da Cabeça e Pescoço, a 27 de julho, é essencial reforçar a importância da prevenção e da deteção precoce. Alguns sintomas que não devem ser desvalorizados são feridas na pele ou boca (aftas) que se arrastem por várias semanas; manchas brancas ou vermelhas na boca; e nódulos no pescoço ou face. Os especialistas  em Cirurgia Maxilofacia, em Otorrinolaringologia ou dentistas são os médicos a quem deve recorrer se apresentar sintomas ou sinais de alerta.

Perante uma suspeita de cancro, é realizada uma biópsia ou uma citologia aspirativa (colheita de tecido mais profundo através de picada). Regra geral, são depois realizadosexames de imagem para determinar o grau de invasão do tumor e o eventual atingimento de outros órgãos (o que designamos de estadiamento tumoral).

O tratamento pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou qualquer combinação destas e é determinado em função de cada doente específico e da sua doença. Após a remoção cirúrgica de um tumor, muitas vezes é necessário realizar também a reconstrução da região afetada.

A colaboração em equipa multidisciplinar é fundamental na fase de tratamento e reabilitação do cancro da cabeça e pescoço, podendo esta abranger profissionais de diversas áreas: Cirurgia Maxilofacial, Oncologia Médica, Radioterapia, Otorrinolaringologia, Nutrição, Fisioterapia, Terapia da Fala, entre outros.

Apesar dos avanços no tratamento do cancro da cabeça e pescoço, o fator isolado com maior impacto no prognóstico global é o grau de evolução da doença no momento do seu diagnóstico. Por este motivo, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais!

Cláudia Queirós Henriques, médica especialista em Cirurgia Maxilofacial no Hospital CUF Viseu

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