Embora nunca ausente do quotidiano nacional, o debate sobre o mercado da habitação ganhou novamente especial interesse nas últimas semanas.
O debate “aqueceu” novamente depois de uma notícia do jornal Público, onde se publicavam os recentes dados sobre a evolução do sector da habitação em Portugal.
A notícia referia que ao aumento da construção de 95% entre 2019 e 2024, se verificou em contraponto a subida dos preços das casas, de 62% no mesmo período, sugerindo a ineficácia do aumento da oferta.
A conclusão precipitada da notícia ignora a real dimensão do problema: mesmo com o crescimento recente, Portugal continua a construir muito abaixo das suas necessidades estruturais.
Nos últimos anos, construíram-se cerca de 15 mil habitações por ano, menos 83% do que se construía antes da crise financeira de 2008. Na União Europeia, Portugal figuraentre os que menos constroem, com níveis cerca de 30% abaixo da média europeia.
Em contrapartida a procura continua a aumentar, sobretudo nos grandes centros urbanos.
A verdadeira dificuldade não está em construir mais e demais, mas sim em licenciar, planear e edificar com a celeridade e densidade que a procura exige.
A atestar esta verdade está um exemplo vindo da Nova Zelândia, que demonstra a importância do aumento da oferta para estagnar o aumento dos preços.
A liberalização da construção na cidade de Auckland duplicou o número de novas habitações e estabilizou as rendas. Em Wellington, políticas mais restritivas levaram a um aumento acentuado do preço. Os contrastes destes dois exemplos na Nova Zelândia mostram o impacto que o aumento da oferta de casas tem no mercado.
A oferta apenas responde eficazmente quando tem confiança, e uma forma de dar confiança é quando as barreiras administrativas, legais e urbanísticas deixam de travar a sua ação.
É na burocracia e que está o verdadeiro bloqueio do mercado da habitação.
Fonte: Site “+ Liberdade em Noticia”















