Num país que se orgulha de investir na Educação e proclama a valorização dos seus professores, há um grupo que continua a ser sistematicamente esquecido e subvalorizado: os monodocentes, profissionais que asseguram o ensino no pré-escolar e no 1.º ciclo.
Estes professores são a base de todo o percurso escolar das crianças, responsáveis por lançar os alicerces do conhecimento, das competências sociais e da formação humana.
No entanto, o seu trabalho é frequentemente desvalorizado, reduzido a uma visão simplista de quem “ensina tudo”. Poucos compreendem verdadeiramente o que implica esta realidade: a exigência de uma preparação minuciosa e multifacetada, a necessidade de acompanhar cada aluno na sua individualidade e a responsabilidade de responder a contextos profundamente heterogéneos, muitas vezes sem qualquer apoio especializado.
O Ministério da Educação deveria olhar com mais atenção e respeito para o árduo trabalho destes docentes — um trabalho que não termina à porta da sala de aula. As horas invisíveis de planificação, correção, elaboração de materiais, reuniões, contactos com famílias e reflexão pedagógica são uma constante no quotidiano destes profissionais. Tudo isto se soma ao desgaste físico e emocional de quem, diariamente, se desdobra em múltiplos papéis: professor, educador, psicólogo, mediador e cuidador.
A monodocência exige uma entrega total e uma resiliência extraordinária. O desgaste psicológico é real, e o peso da responsabilidade é muitas vezes solitário.
Está na hora de o Ministério da Educação reconhecer a singularidade e a complexidade do trabalho dos monodocentes. É imperativo valorizar o seu papel, repensar o modelo de apoio nas escolas e garantir condições de trabalho que dignifiquem quem, com esforço e paixão, molda as bases do futuro das nossas crianças.
Porque sem os professores do pré-escolar e do 1.º ciclo, não há educação sólida, nem sociedade verdadeiramente educada.
Sandra Porto Ferreira















