Tondela: Autarca Carla Borges estreia-se no escrutínio para a presidência. Com a mira no cargo estão ainda Miguel Torres, Fernando Figueiredo, Manuel Veiga e Sandra Lourenço

09/10/2025 12:22

O segundo município mais populoso do distrito, Tondela, situado na sub-região Viseu Dão-Lafões, tinha, segundo os censos de 2021, 25 910 habitantes, dispersos por uma área de 371,2 km², correspondendo às Uniões de Freguesias de Barreiro de Besteiros e Tourigo; Caparrosa e Silvares; Mouraz e Vila Nova da Rainha; São João do Monte e Mosteirinho; São Miguel do Outeiro e Sabugosa; Tondela e Nandufe; Vilar de Besteiros e Mosteiro de Fráguas; e, ainda, às Freguesias de Campo de Besteiros, Canas de Santa Maria, Castelões, Dardavaz, Ferreirós do Dão, Guardão, Lajeosa do Dão, Lobão da Beira, Molelos, Parada de Gonta, Santiago de Besteiros e Tonda.

São cinco os concorrentes a disputarem o lugar agora ocupado por Carla Antunes Borges. À autarca do PPD/PSD juntam-se Miguel Torres, do PS, Fernando Figueiredo, do CDS-PP, Manuel Veiga, da CDU, e Sandra Lourenço, do CHEGA.

Carla Borges quer manter o legado histórico de direita inviolado no concelho de Tondela. Licenciada em engenharia civil, a candidata, de 53 anos, desempenhou funções de vereadora na Câmara Municipal de Tondela entre 2006 e 2013. Chegou, em 2017, à vice-presidência, e, dois anos depois, assumiu o cargo de deputada da Assembleia da República. Em 2021 suspendeu o mandato e voltou à vice-presidência da autarquia. Em janeiro de 2022 passou a liderar o município, depois de José António Jesus ter suspendido o mandato, na sequência de um processo judicial por peculato e falsificação de documentos. Se vencer, nesta sua primeira corrida à presidência, o desígnio da social-democrata é de continuidade na intervenção e na implementação das políticas, como aquelas em torno da dinamização do Centro Tecnológico e de Empreendedorismo, com objetivo de promover a inovação, o desenvolvimento e a criatividade; do prosseguimento das obras do Centro de Saúde; e da estratégia de internacionalização da marca Caramulo. Aumentar as respostas de retaguarda no setor social e continuar o investimento nas redes de água e saneamento são outras prioridades.

Candidato independente pelo Partido Socialista, Miguel Torres é, desde novembro de 2021, coordenador executivo da ADICES e, desde outubro de 2022, presidente da Minha Terra – Federação Portuguesa das Associações de Desenvolvimento Local, e vice-presidente da ATA, Associação de Turismo de Aldeia. Antigo vereador municipal, entre 2017 e 2021, eleito pelo PSD como independente, o animador cultural, de 55 anos, defende um projeto de “proximidade, transparência e visão estratégica” para dar resposta aos desafios da demografia, habitação, saúde, ambiente, educação, cultura, e serviços de proximidade. Entre as suas preocupações estão a perda de população, o saneamento, as obras do Centro de Saúde e a fraca dinamização do Centro tecnológico e de Empreendedorismo. Promover a habitação acessível, agilizando a construção e a reabilitação; reforçar o aproveitamento das Termas de Sangemil, da Frente Ribeirinha e do potencial da Serra do Caramulo; estimular a capacidade industrial e tecnológica, atraindo novos investimentos; alavancar os recursos agrícola e turísticos em prol de um desenvolvimento equilibrado e sustentável; e aumentar o envolvimento do movimento associativo e comunitário são algumas metas definidas.

Fernando Figueiredo, atual presidente da Junta de Freguesia de Lajeosa do Dão, eleito pelo PPD/PSD, é o cabeça de lista do CDS-PP. Num movimento de contestação contra o suposto não cumprimento do programa social-democrata para a freguesia e pela limitação de mandatos, o padeiro, de 71 anos, conhecido por “Pinamoia”, ambiciona voos mais elevados nestas autárquicas. Com um projeto assente na proximidade, simplicidade e transparência, o compromisso é o de “lutar por um concelho equilibrado, que valorize as freguesias, apoie as famílias e crie oportunidades para todos”. Com linhas de ação igualmente traçadas em torno do Centro de Saúde e das Termas de Sangemil, das redes de saneamento e de abastecimento de água e da valorização da Serra do Caramulo, outras medidas passam por mais iniciativa social nas freguesias, garantindo o bem-estar físico e psicológico das pessoas; apoios para quem comprar e recuperar habitações; apoios a escolas que estimulem saídas culturais e o desenvolvimento das artes; criação de um pólo de ensino superior; modernização de recintos desportivos e construção de um pavilhão multiusos; reforço da limpeza de cursos de água e terrenos; e dinamização do Mercado Municipal.

O enfermeiro Manuel Veiga volta, pela sexta vez, a estar à frente da Coligação Democrática Unitária (PCP/PEV) em Tondela. Em quarto nas últimas votações autárquicas, o candidato reforça a sua intenção de eleger pelo menos um membro para a Assembleia Municipal e contribuir com uma voz alternativa em prol do serviço público, da habitação e da educação. Nos compromissos eleitorais incluem-se o aumento do parque habitacional; o abastecimento de água a todas as freguesias e a sua gestão pública, assim como o alargamento a todo o concelho a rede de saneamento básico; resgate para a esfera pública a gestão, recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos; criação de linhas de transporte pendular para as zonas industriais, de forma a descentralizar e dinamizar as periferias; apoio ao movimento associativo local; reforço dos meios preventivos e de combate aos incêndios; e a dinamização do turismo de natureza.

Administrativa numa sociedade de advogados, Sandra Lourenço, de 46 anos, é a cabeça de lista do CHEGA. Natural de Lisboa, mas a viver e trabalhar em Tondela, quer transformar Tondela numa “cidade de futuro, moderna, inclusiva e próspera”. O compromisso é o de trazer uma “nova abordagem” à política, com “uma visão de futuro voltada para os jovens” e onde “os cidadãos possam ver e sentir as mudanças no terreno”. A tónica do programa recai numa gestão responsável e transparente dos recursos públicos e na disponibilização às novas gerações de mais oportunidades culturais, desportivas e profissionais, de modo a “travar a fuga de talentos”. Para a candidata, o desenvolvimento do concelho passa “pela união da experiência e da inovação”, com “uma liderança que equilibre o respeito pela tradição com a coragem de transformar”.

Os últimos resultados autárquicos deram a vitória, com 44,92%, correspondente a 7 088 votos, ao PPD/PSD, seguido do PS, com 43,38%, equivalente a 6 844 votos. O boletim incluiu ainda o CHEGA, que alcançou 3,71% e 585 votos, e, por fim, a CDU, com 3,04% e 238 votos.

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