A aldeia acolhe o festival “Ressurreição do Metal”, que leva ao povoado várias bandas de heavy metal para dois dias de concertos, 7 e 8 de abril. O evento é promovido pela associação local “Milagre Metaleiro”, que para a edição indoors de 2023 escolheu 15 bandas portuguesas e espanholas, e ainda prepara excursões a partir de Lisboa, Coimbra e Leiria, facilitando assim o acesso à pacata freguesia. O passe-geral para o evento tem o custo de 16 euros.
Recentemente classificada como Aldeia de Portugal, Pindelo dos Milagres, situada junto à emblemática Estrada Nacional 2, e fugindo ao que seria convencional num meio tão rural, recebe o festival de heavy metal “Ressurreição do Metal”, que em cada Páscoa atrai ao lugar centenas de forasteiros para vários concertos nos domínios mais pesados do rock. A localidade tem, ainda, outro festival idêntico no verão.
«Na primeira edição, em 2008, toda a gente da aldeia estranhou e os habitantes fecharam-se um bocado, mas agora as pessoas ficam mesmo animadas com isto e são elas próprias que fazem questão de vir para as varandas e para o pátio ver os visitantes e falar um bocadinho com eles, porque perceberam que os apreciadores de heavy metal constituem um tipo de público extremamente educado e cívico» declara Marco do Vale, da Associação Cultural Milagre Metaleiro, fundadora do festival.
Para além dos moradores e forasteiros, a localidade, cujo o número de 600 habitantes passa para mais do dobro nesta altura, é, ainda, ponto de encontro de emigrantes e de tradições. «Instalamos uma cozinha ao lado do pavilhão e servimos pratos como rancho beirão e feijoada de carnes, sem esquecer o bacalhau, porque o primeiro dia do festival é na Sexta-Feira Santa, em que os católicos fazem jejum», revela Marco do Vale. A rematar o repasto há sempre «a especialidade local que é o pindelinho, que faz lembrar um pastel de feijão, mas é feito com amêndoa».
Na edição de 2023, e pela primeira vez na história do festival, o “Ressurreição do Metal” vai realizar-se ao longo de dois dias, apresentando 12 bandas portuguesas e três espanholas. “Tínhamos agendados vários concertos no lockdown da pandemia e fomos obrigados a abdicar deles, portanto, com o público agora sedento por atividade, decidimos trazer as bandas todas que tínhamos contactado nesse período e contamos ter lotação esgotada”, explica Marco do Vale.
Na sexta-feira, feriado, o festival levará ao pavilhão do destacamento local dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul as bandas Hórus, Lilith’s Revenge, Hochiminh, Frozen Shield, Terror Empire, Drakum, Destroyers of All e Bleeding Display. No sábado, ao palco do mesmo recinto subirão os coletivos Skars, Velkhanos, My Enchantment, Xeque-Mate, Vëlla, Pitch Black e Seventh Storm. O repertório adivinha-se, portanto, «bastante eclético e alargado, com muitos subgéneros do heavy metal, para incluir propostas adequadas a todos os gostos, desde as sonoridades mais ambientais do rock metal até ao registo mais extremo do metal».
Nesse cartaz, Marco do Vale destaca a banda Seventh Storm, que em agosto de 2022 lançou o seu primeiro disco, “Maledictus”, e logo atingiu «o segundo lugar do top geral de vendas em Portugal». Para essa recetividade terá contribuído o facto de o grupo integrar o músico Mike Gaspar, ex-baterista dos Moonspell, e, portanto, um dos artistas a gerar mais expectativa entre os que vão atuar na mais “metaleira” das Aldeias de Portugal.
Quanto a outras atividades de lazer além da música, passam sobretudo por descobrir o património natural e agrícola da região, como explica Miguel Torres, da Associação do Turismo de Aldeia, entidade que detém a marca “Aldeias de Portugal”. «Estamos a falar de um território a que é algo difícil chegar, mas que, no fim da viagem, compensa largamente, porque está encaixado entre a Serra da Freita e o Monte de São Macário, e a paisagem é absolutamente fora do comum» garante esse responsável. «As Termas de S. Pedro do Sul são o grande marco turístico da região, mas, além de visitar o balneário, há mesmo que passear pela natureza da zona, porque isso permitirá conhecer uma paisagem muito interessante, com rebanhos comunitários que todos os dias saem para pastar com centenas de cabras ou campos cobertos de urze em flor, a substituir o habitual verde da serra por manchas extensas de cor-de-rosa.»