As nossas aldeias, florestas, mares e montanhas estão recheadas de histórias e lendas assustadoras, algumas encantadoras, outras mais misteriosas.
Na povoação de Cambra de Baixo, em Vouzela, há uma caverna no meio de um bosque onde, rezam as lendas locais, nas noites de lua cheia se abrigava um ser monstruoso que aterrorizava a região: um lobisomem. Quando a noite se abatia sobre as aldeias, fechavam-se as janelas e trancavam-se as portas. Ouviam-se sons assustadores, uma espécie de cavalgada pesada que percorria as ruas, os caminhos e os terrenos. Ninguém ousava olhar lá para fora, só desejavam que o dia regressasse, sinal que tinham sobrevivido a mais uma madrugada de pavor. As histórias deste misterioso lobisomem passaram de geração em geração na região. Ninguém sabia quem ele era, mas havia quem desconfiasse de algumas famílias numerosas. Segundo a lenda, se o sétimo filho fosse um homem teria de se chamar Bento ou Custódio, de forma a ser protegido da maldição que nas noites de luar o transformava nessa criatura maligna, meio homem, meio lobo, que percorria a região em busca de vítimas para levar para o seu antro. Situada perto da margem do Rio do Couto, essa caverna tornou-se numa atração turística na região, onde se podem encontrar placas com a inscrição: “Cova do Lobisomem”.

Na aldeia de Manhouce, em São Pedro do Sul, havia uma estalagem que era muito utilizada pelos mercadores que recorriam à antiga via romana para viajar a cavalo entre Porto e Viseu. Depois desta paragem, a próxima povoação era Bustarenga. A estrada que atravessa a floresta e liga estes dois locais está, muitos garantem, assombrada. Há relatos de barulhos estranhos e vultos misteriosos que se movimentam no bosque noturno. No entanto, há uma possível explicação para este mistério. No tempo dessas travessias, terá existido um bando de salteadores que tinha dois esconderijos ao longo dessa estrada e que usava vários estratagemas para assustar os viajantes e roubar as suas cargas. Esses dois esconderijos ainda existem e são chamados de Cova do Ladrão e Outeiro de Alcaranta.