Estreia de “Dolo”, na Associação Comercial de Viseu, marca Dia Mundial do Teatro

18/03/2023 11:27

O Teatro Viriato promove de 23 a 27 de março, na Associação Comercial de Viseu, a estreia do espetáculo “Dolo”, do encenador Fraga, como forma de assinalar o Dia Mundial do Teatro, que se celebra no dia 27 de março. 

“Dolo” é um espetáculo com texto original da autoria de Fraga inspirado no crime “Poça das Feiticeiras”, que aconteceu em Viseu, em 1925. O encenador expõe o sucedido, recorrendo às declarações prestadas em julgamento, às memórias populares e à fabulação ficcional.  

«Desde que cheguei a Viseu em 1977, contaram-me esta estória, ocorrida nos meados dos anos vinte, mais precisamente em 1925. Foi sempre dentro do meu imaginário uma possível fonte de inspiração para a construção de um espetáculo que devolvesse, com a recriação deste intrigante episódio, ao inconsciente coletivo viseense a possibilidade de reflexão da justiça dada ao “Crime da Poça das Feiticeiras”».

Na sala da Associação Comercial de Viseu, na Rua da Paz, que servirá de palco à estreia, Fraga recria as últimas 34 horas da vida de João Alves Trindade, morto na Poça das Feiticeiras. 

«O que proponho é um texto dividido em trinta (30) quadros/cenas, um prólogo e um epílogo, e que dá vida às últimas trinta e quatro (34) horas da vida de João Alves Trindade, o “Rajat/ Africanista” de Viseu, que apareceu assassinado na madrugada de 17 de julho de 1925. Porque ficaram muitas pontas soltas deste crime que ainda hoje não tem resposta objetiva. Sendo assim serve o Teatro para dar leituras possíveis de fatos reais. Podendo nós os artistas, sem querermos intervir, questionar, as decisões. Ou as intenções, falhas, erros de juízos. Injustiças. Toda a semelhança com a realidade não é pura ficção. Porque quem conta não desconta, mas amonta.»

Para o encenador que defende que «todo o processo criativo é dinâmico» e que o «palco tem essa possibilidade de ser o que o olhar do público pode fazer dele», “Dolo” é também uma proposta de reflexão. 

«O que nós iremos dar a ver, a observar, dispondo o público em assembleia, formando um U à volta da ação, é a possibilidade de serem eles os jurados. Mais do que falar do que é a justiça, das leis e justiça popular, na progressão do trabalho criativo, pretendo encontrar as razões possíveis para um assassinato. Não quero ser eu a proferir a verdade. E qual verdade? O teatro a meu entender deve dar os dados, e se cumprir bem o que lhe é inerente, dar ao espetador as pistas para uma reflexão sobre o que lhe é dado a ver e assim ser ele a tomar decisões», explica. 

As sessões decorrem na Associação Comercial de Viseu, nos dias 23, 24 e 27 de março, às 21h e nos dias 25 e 26 às 17h. A peça têm a duração de 90 minutos e é dirigida a maiores de 16. Os bilhetes, com um custo de 3 euros, já se encontram à venda na bilheteira, no site do Teatro Viriato e na BOL.  

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