ENTREVISTA: Espaço de Lazer da Granja do Tedo, praia sem água e piscina encerrada

18/08/2020 20:20

Hoje damos-lhe a conhecer um espaço de lazer fluvial com muita história em Tabuaço. Carlos Teixeira, Presidente da Junta de Freguesia de Granja do Tedo, fala-nos de como a localidade tem lidado com as dificuldades surgidas. 

Este espaço surgiu inicialmente como praia fluvial, mas houve, desde então, grandes alterações. Fale-nos das mudanças.

Este espaço foi construído e designado como praia fluvial. Na altura chegou mesmo a ser inaugurado por um ministro, tendo recebido bandeira azul. Já lá vão, seguramente, vinte anos. A praia fluvial foi construída num dos espaços naturais mais belos da localidade, aproveitando as águas límpidas do Rio Tedo, que por aqui passa. Durante vários anos fez as delícias dos residentes e de muitos visitantes que por lá passavam. Entretanto foi construída uma mini- hídrica em Contim, Armamar, e começou a haver escassez de água no caudal do rio. Em resposta ao problema, com o decorrer dos anos, foram se fazendo obras em açudes para que a água não faltasse. O que se passa, neste momento, é que não temos água nenhuma. A barragem não é aberta há mais de um mês. O rio está completamente seco e essa situação está a causar-nos problemas muito graves. Sem água, os peixes morrem, as pessoas não conseguem regar as suas hortas e os terrenos de cultivo, e os moinhos que aqui tínhamos deixaram de funcionar. Ainda ontem fui confrontado com várias pessoas. Já alertei a Câmara Municipal, que terá de tomar medidas.

E foi essa situação que levou ao surgimento da piscina?

Sim. As pessoas estavam habituadas à praia. E não falo somente dos de cá. Havia muita gente dos concelhos vizinhos. Então, para colmatar de certa forma a situação, no ano em que eu tomei posse, decidimos fazer uma piscina. Os habitantes ficaram satisfeitos com a alternativa, mas, na altura, a piscina era grande, agora é pequena, tendo em conta a quantidade de gente que temos tido cá. Este ano, infelizmente, está fechada por causa do problema do Covid e as pessoas estão um bocadinho desagradadas. Mas entre o desagrado e haver infeções, eu preferi não abrir. O espaço é pequeno. Informei-me com as entidades competentes e foi-me dito que a piscina tinha capacidade para nove pessoas. Não ia abrir o espaço para nove pessoas quando tenho geralmente entre 100 a 200 pessoas por dia. Ia arranjar conflitos enormes. Além disso, as exigências eram muitas e não tínhamos capacidade para dar resposta a todas. Os elementos da Junta reuniram e decidiram pelo encerramento.

Mas o espaço continua a ser convidativo?

Claro, apesar da praia estar seca e a piscina encerrada, aquela zona é o coração da aldeia e é muito bonita. Tem, ainda, o jardim histórico, um parque de merendas com assadores e um bar, onde as pessoas podem estar e conviver. Este ano está a ser diferente, mas, mesmo assim, temos cá tido muita gente.

Num ano normal, o espaço tem albergado eventos?

Naquela zona de lazer, também, está disponível, nas proximidades, um palco. No recinto já se realizaram diversos eventos, como almoços, festivais de folclore, concertos. Um deles que me recordo bem foi com o artista Canário. O espaço, no geral, pode receber 500 pessoas ou mais. É muito grande.

De onde vêm as pessoas que vos visitam?

Temos pessoas de diferentes faixas etárias oriundas e vários pontos do país, além dos emigrantes, é claro. Ainda ontem estive a conversar com umas pessoas de Aveiro, que viram a localidade na internet e resolveram passar por cá. Gostaram imenso, só lamentaram a falta de água. Neste momento estão a chegar quatro ou cinco carros, mas, infelizmente, vêm todos de mochila. É para se irem embora (risos). A aldeia tem vários percursos pedestres e há um que destaco que ocorre em maio, que é a Caminhada do Sabugueiro em Flor, que atrai mais ou menos 200 pessoas de vários pontos do país, de Lisboa, Porto e Algarve. Relembro que, aqui, a fonte de rendimento é a baga, o sabugueiro em flor.

Que outros locais destaca na região?

Tabuaço é uma região muito rica em turismo. É o Douro e temos vários pontos obrigatórios de paragem, como as quintas vinhateiras, o Mosteiro de São Pedro das Águias, o relógio Rijomax que, segundo dizem, é um dos mais famosos do mundo. Talvez o melhor seja passar pelo Posto de Turismo do Município, pois lá dão ótimas indicações. Mas sempre podem começar a visita pela nossa aldeia preservada, com a Ponte Romana e uma Igreja Matriz que é muito antiga, construída em 1621. É uma igreja que deve haver poucas no distrito, para não dizer no país.

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