A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa participou na primeira visita de estudo realizada no âmbito do PAISACTIVO – Paisagens corta-fogos: ativação do espaço rural para um território resiliente, um projeto europeu na área da gestão sustentável do território e redução do risco de incêndios.
A visita, que decorreu na passada sexta-feira, dia 15, na província de Álava, País Basco, Espanha, foi organizada pela Universidade de Santiago de Compostela, um dos oito parceiros do projeto. A representar a CIM do Tâmega e Sousa esteve o Primeiro-Secretário do Secretariado Executivo Intermunicipal, Telmo Pinto, e a Chefe da Equipa Multidisciplinar de Políticas Públicas Intermunicipais, Ester Moreira da Silva.
O programa da visita incluiu dois projetos de referência implementados por entidades públicas e privadas daquela província espanhola ao nível de gestão ativa do espaço rural: o Kuartango Lab e o Valle Salado de Añana [Vale Salgado de Añana].
Instalado num antigo balneário termal, o Kuartango Lab é, desde 2021, um centro de inovação e empreendedorismo. O projeto é o resultado da reabilitação e adaptação de um edifício termal com 5000 m2 numa incubadora de empresas, espaço de coworking e de reuniões, salas polivalentes e coliving, entre outros serviços.
O Valle Salado de Añana é um dos mais importantes complexos culturais, arquitetónicos, ambientais, paisagísticos e arqueológicos do mundo. Aqui está instalada uma das fábricas de sal mais antigas do mundo, onde se extrai sal há sete mil anos, numa superfície de mais de 111 mil m2. A revitalização da exploração salícola começou no final dos anos 90 do século passado com a criação da Fundación Valle Salado, que transformou este espaço num motor de dinamização económica do território. A par da produção de sal, considerado por especialistas internacionais como um dos melhores sais do mundo e que tem como embaixadores alguns chefs estrela Michelin espanhóis, a fundação apostou na recuperação de todo o ecossistema para fins culturais e turísticos, oferecendo visitas, experiências e spa aos visitantes, bem como projetos educativos e de investigação.
Além de casos de sucesso no tecido económico e social da província de Álava, estes dois exemplos revestem-se de interesse para outras regiões do Norte de Portugal e da Galiza, nomeadamente para a região do Douro, Tâmega e Sousa, pelo seu potencial de replicabilidade no território.
A próxima visita de estudo do projeto está agendada para o próximo mês abril, ao município de Ostana, situado na província italiana do Piemonte.
O projeto PAISACTIVO – Paisagens corta-fogos: ativação do espaço rural para um território resiliente é coordenado pela Agência Galega de Desenvolvimento Rural e os parceiros galegos são a Universidade de Santiago de Compostela, a Fundação Juana de Vega e o Município de Monterrei. Da parte de Portugal participam a CIM do Tâmega e Sousa, o Município de Baião, o Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Porto e a Direção-Geral do Território.
Com um investimento superior a 1,5 milhões de euros, cofinanciado pelo POCTEC – Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça entre Espanha e Portugal, o projeto visa aumentar a resiliência do território face ao risco de incêndio, valorizando e melhorando a gestão sustentável das terras agroflorestais, bem como proteger e dinamizar os aglomerados rurais e promover a sua sustentabilidade.
De referir que a zona de intervenção do projeto – Galiza e Norte de Portugal – enfrenta um abandono progressivo do espaço rural, que aumenta a sua vulnerabilidade aos grandes incêndios florestais e cria um risco crescente para as aglomerações humanas, nomeadamente as aldeias.
Para a concretização dos seus objetivos o projeto incluirá um diagnóstico das boas práticas de gestão ativa das zonas rurais e ações de capacitação para a dinamização e gestão resiliente das zonas rurais. Será ainda definido um novo modelo de intervenção nas zonas rurais que inclua a governação multinível, necessária para envolver todos os intervenientes-chave no processo de recuperação e gestão ativa do território, maximizando as sinergias sociais, produtivas e ambientais entre as aldeias e a sua envolvente.
Entre outras ações, serão implementados dois projeto-piloto em aldeias. Do lado português, Almofrela, no concelho de Baião, será a aldeia-piloto, enquanto a aldeia galega de Infesta, no concelho de Monterrei, será a representante do lado espanhol.
Após o lançamento seguiu-se uma reunião de parceiros, na qual foi apresentado o plano de trabalhos a implementar durante os próximos três anos – até outubro de 2026 –, com o objetivo de promover a gestão sustentável do território e redução dos riscos de incêndios, uma das áreas de intervenção da CIM do Tâmega e Sousa.
A CIM Tâmega e Sousa é composta por 11 municípios: Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Penafiel e Resende.