Para quem mora em Portugal, este ano está mexido. Temos eleições legislativas (ou seja, vamos votar para quem vai criar leis que nos vão reger nos próximos 4 anos) no dia 10 de Março de 2024. Depois disso voltamos a ter eleições, desta vez Europeias, com a mesma finalidade e tão ou mais importantes, dado que dali se fazem decisões e leis que nos governam a nós e a mais países.
Estas coisas de que se queixam – habitação, crise climática, educação, corrupção, oportunidades de trabalho, IUC, guerras, sobrevivência (entre muitos mais) – são responsabilidade das pessoas nas quais vocês votam, e como Portugal tem índices muito baixos de literacia política, é comum que as pessoas não saibam votar ou nem acreditem no poder do voto.
Mas esta é a hora em que podemos fazer mais perguntas, exigir explicações, tratar os partidos políticos como pessoas a fazer uma entrevista de emprego, e nós somos os empregadores.
És tu que dás emprego às pessoas que estão sentadas a decidir como vai ser o teu futuro, se te dizem que tens de te “aguentar” (como passou numa capa de revista), ou se mostram uma verdadeira capacidade de ouvir quem os elege (e se não votas, estás a contribuir para que outrem defina qual o seu caminho).
Recomendo a todas as pessoas que este ano vão passar por eleições que estudem as propostas, porque delas vale a vossa vida. Ideias que à primeira vista parecem aliciantes, como o trickle down ou a taxa fixa de imposto em 15% independentemente do rendimento já foram comprovados inúmeras vezes como ineficazes e perpetuadores de pobreza estrutural [15% para quem ganha 800 é proporcionalmente muito mais que 15% para quem ganha 100 000 (dado que para quem aufere menores salários, as questões financeiras colocam em risco a possibilidade de sobrevivência, contrariamente a quem tem rendimentos superiores) e preferir aliviar empresas de impostos só resulta no que vemos acontecer desde o início da guerra da Ucrânia. As empresas não vão diminuir preços, e dá para ver este comportamento repetir-se desde a primeira guerra mundial]. Não funciona, aumenta e perpetua a pobreza, a criminalidade, e impede o desenvolvimento pleno das sociedades.
Votem, porque a vossa vida depende disso.
