O último trimestre de 2023 representou um marco histórico na indústria automóvel mundial. Pela primeira vez o construtor de veículos elétricos chinês BYD, cuja sigla significa “Build Your Dreams”, em português “Constrói os teus Sonhos”, vendeu mais carros 100% elétricos do que a Tesla. Nos meses de outubro a dezembro a BYD vendeu 526 mil veiculos elétricos e a Tesla vendeu 484 mil.
Atualmente estas duas marcas são líderes de mercado. Facto curioso é que ambas entraram apenas no ano de 2003 na indústria automóvel, no entanto fabricam 1 em cada 3 veículos elétricos vendidos atualmente em todo o mundo.
Marcas como a Toyota, VW e Ford, passaram de líderes mundiais a atores secundários no futuro da mobilidade, obrigando a rápidos e avultados investimentos de reestruturação e inovação para puderem apenas acompanhar o ritmo da BYD e Tesla, havendo mesmo quem defenda a junção dos construtores europeus, numa espécie de AIRBUS, como forma de redução de custos.
Os construtores europeus viram-se subitamente ultrapassados pelas marcas chinesas e pela Tesla, tendo ainda de lidar com a falta de realismo e compreensão da legislação imposta pela União Europeia em matéria de emissões de CO2.
Como exemplo, a partir de 2025 cada veículo registado na União Europeia que não cumpra as emissões, terá de pagar uma multa de 95€.
A União Europeia exige demasiado num curto espaço de tempo, esquecendo-se que as suas medidas implicam rápidos e avultados investimento por parte das marcas, esforço esse que se reflete no preço final das viaturas, mais caras e incapazes de competir com os preços da BYD e da Tesla. Para agravar, proíbe subsídios aos construtores automóveis europeus.
A China iniciou em 2009 um processo totalmente contrário. Começou a criar incentivos financeiros e fiscais para a produção e aquisição de veículos elétricos. Isto permitiu que hoje os construtores chineses consigam entrar na Europa com veículos construídos para as exigências do consumidor europeu e com um preço cerca 30% inferior à saída de fábrica em relação aos fabricantes europeus.
A União Europeia tem de rever a sua política de transição energética e de incentivos ao mercado da mobilidade elétrica, caso contrário os construtores europeus vão ter que vender abaixo do preço de produção, com reestruturações e fusões entre as principais marcas europeias, o que poderá originar graves problemas sociais com o despedimento de milhares de trabalhadores.
Fonte: Revista Visão