Hoje é dia 10 de março. O dia 8 já passou e nele ficaram as comemorações do Dia Internacional da Mulher. Para mim é apenas uma data que não deveria ser comemorada e lembrada apenas nesse dia. 8 ou 9, 11 ou 12 de março… todos os dias, desde o primeiro ao último dia do ano somos mulheres. Todos os dias acordamos, tratamos, trabalhamos, fazemos, cuidamos e por fim, muitas vezes exaustas, aterramos na cama para, no dia seguinte, voltar tudo ao mesmo. E lá vamos ouvindo que as mulheres deveriam auferir o mesmo salário que os homens e que deveriam estar em lugares de chefia mas, na verdade, todas sabemos que esses discursos não passam de palavras ao vento e que a realidade é dura de mais e por muito que tenhamos evoluído, as desigualdades de género continuam. Mas, infelizmente, a realidade ainda pode ser mais cruel, quando algumas de nós ficam pelo caminho porque algum cobarde assim o quis. Mesmo assim não desistimos e sonhamos. Sonhamos que as nossas vidas possam melhorar e que um dia as lágrimas que derramarmos de tristeza se transformem em sorrisos de alegria. Alegria por finalmente sentirmos que tudo é justo, que as oportunidades são as mesmas, por sermos reconhecidas pelo nosso empenho e dedicação e, acima de tudo, por sermos amadas e respeitadas.
Para assinalar a importância que temos todos os dias, apresento uma artista cuja obra gosto particularmente: Helena Almeida. Figura incontornável da arte contemporânea no nosso país, que infelizmente já partiu, conjugou a pintura, o desenho, a fotografia e a performance, explorando o seu próprio corpo nas suas criações e na sua linguagem plástica. Vale a pena dedicarmos um pouco do nosso tempo a procurarmos uma interpretação pessoal sobre a obra de Helena e a descobrir como a sua existência, enquanto corpo e enquanto mulher, se funde com a sua representação artística, sempre atual e pertinente.
