Entende-se por Hepatite uma inflamação do fígado, habitualmente causada por vírus. Conforme o vírus que provoque esta inflamação, estamos perante diferentes tipos de doença e quadros de diferente gravidadee evolução.
A transmissão dos vírus da hepatite A, B, C e D ocorre através do contacto sanguíneo (em relações sexuais, transfusões sanguíneas, partilha de seringas…). No entanto, o vírus da hepatite A é também transmitido através de ingestão de água ou alimentos contaminados, e provoca doença de pouca gravidade, que resolve no espaço de algumas semanas, deixando poucas sequelas.
Tendo em conta a melhoria das condições de vida da população, inclusivamente aquelas relacionadas com o saneamento, é expectável que a prevalência desta patologia vá diminuindo ao longo do tempo. Não obstante este decréscimo, tem-se percebido que a Hepatite A surge atualmente em forma de surtos (i.e. aumento rápido do número de casos de doença numa região), como o que ocorreu entre 2016 e 2018, e como o que está a iniciar-se neste momento, com o surgimento de mais de 40 casos, em Portugal, no período de 3 meses.
Assim sendo, torna-se premente conhecer a razão para o surgimento destes surtos, por forma a combatê-los e prevenir o surgimento de novos surtos no futuro.
Embora a suspeita inicial fosse de que este surto teve origem em alimentos contaminados, verificou-se posteriormente que, à semelhança do surto de 2016/2018, a maioria dos casos está descrita em homens que fazem sexo com homens. Como tal, emerge a necessidade de promover a adoção de medidas preventivas, não só junto deste grupo populacional, mas junto de toda a população, não só neste momento de surto ativo, mas em qualquer circunstância.
Desta forma, não estando a vacina da Hepatite A no Plano Nacional de Vacinação, é importante que seja reavaliada a possibilidade de a administrar em grupos de risco, tais como pessoas com dependências, homens que fazem sexo com homens, pessoas que fazem sexo em grupo, doentes com VIH, pessoas em situação de sem-abrigo, e viajantes para zonas endémicas.
É imprescindível também a adoção de medidas preventivas por cada cidadão, já que prevenir é o melhor remédio. Portanto, sugere-se:
-Lavar as mãos com água e sabão depois de ir à casa de banho;
-Usar preservativo em todas as relações sexuais;
-Lavar e desinfetar frutas e vegetais que serão consumidos crus;
-Consumir alimentos bem cozinhados;
-Beber água engarrafada;
-Vacinar aqueles que viajam para lugares onde a doença é endémica (África, Ásia e América Latina).
Valéria Garcia