Em Portugal, o país da Europa Ocidental com mais acidentes registados, alguém morre por atropelamento a cada três dias, sendo mais de 40% dos atropelamentos em passadeiras.
Em 2022, foram registados mais de vinte mil acidentes rodoviários. Entre janeiro e julho deste ano faleceram mais de 280 pessoas, e mais de 1520 pessoas ficaram feridas com gravidade. No geral houve mais acidentes e mais feridos.
Viseu tem visto um aumento no número de viaturas na estrada, assim como um aumento no número de atropelamentos de pessoas e animais.
Em 2023 foram registados 41 atropelamentos na cidade de Viseu, 28 dos quais em passadeiras devidamente sinalizadas. Foram sete atropelamentos a mais, mesmo embora tenham sido instalados alguns semáforos para tentar mitigar as ocorrências. A vítima mortal mais jovem tinha apenas 11 anos de idade.
E esta matéria não afeta só as pessoas. Entre 2019 e 2023 foram registados mais de 11000 acidentes rodoviários com animais selvagens e domésticos, sobretudo em estradas nacionais e municipais. São incontáveis as histórias de pessoas que já viram animais (como os ouriços, gatos, cães, lebres, javalis) mortos nas bermas das estradas, de pessoas que perderam os seus animais domésticos ou tiveram as suas viaturas danificadas após atropelamentos evitáveis, por exemplo, com a instalação de lombas ou corredores naturais para passagem da fauna, como já ocorre em outros países, como o Canadá, Países Baixos, Estados Unidos da América, a Austrália, Quénia, Brasil, Singapura, México, Noruega, China, Rússia, Japão, entre vários outros países.
Quanto a soluções para reduzir o número de atropelamentos de pessoas, Helsínquia e Oslo conseguiram reduzir os seus atropelamentos fatais para zero após tornarem o uso de viaturas mais complicados para as pessoas, aumentando o número de portagens para condução dentro da cidade e o preço do estacionamento na via pública, reduzindo a velocidade permitida dentro das cidades e o número de lugares de estacionamento (que foram substituídos por ciclovias), criando zonas “coração” (nomeadamente à volta das escolas) onde é proibido conduzir e melhorando as acessibilidades para pedestres. Estas ideias, juntamente com uma rede de transportes públicos, e de preferência descentralizados pelo distrito (para que as zonas mais isoladas também tenham acesso às oportunidades), parecem ser uma boa resposta para um problema que é crónico na região.