O diagnóstico de cancro e o inerente cumprimento de um plano terapêutico implica, para um grande número de doentes, a incapacidade temporária (e, em alguns casos, definitiva) para manter a atividade profissional. Esta mudança tem um impacto muito significativo na sua situação económica e do seu agregado familiar, podendo colocar em risco a qualidade de vida dos seus elementos.
Sendo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, na sua génese, uma Associação Cultural e de Serviço Social, o Apoio Social sempre fez parte da sua missão. Ciente de que muitos doentes se veem privados de satisfazer, condignamente, as suas necessidades básicas, o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro dinamiza um programa de Apoio Material ao Doente Oncológico e Cuidadores com o intuito de, não só, apoiar na sua acessibilidade aos cuidados de saúde como garantir a sua subsistência.
Inicialmente, os pedidos de apoio destinavam-se, essencialmente, a doentes idosos, com parcas reformas, cujos encargos com a medicação, para atenuar os efeitos secundários dos tratamentos, se assumiam como relevantes. No entanto, com o decorrer dos anos, foi-se assistindo ao diagnóstico de cancro em pessoas mais novas, em idade ativa a nível profissional, o que trouxe novos desafios à intervenção e necessidade de adequação de respostas na ausência/insuficiência de políticas sociais estatais.
Este programa de apoio destina-se, assim, a doentes e cuidadores em situação de carência económica, sendo necessária a apresentação de documentos comprovativos de rendimentos (ou ausência de rendimentos) e despesas de todos os elementos do agregado familiar para se aferir a elegibilidade para apoio. O processo de avaliação é realizado por Assistentes Sociais, sendo essencial a articulação com outros Técnicos da área social, nomeadamente Saúde, Segurança Social, poder local (Autarquias e/ou Juntas de Freguesia), Instituições Particulares de Solidariedade Social, Organizações Não-Governamentais, etc. De acordo com as necessidades dos doentes, os apoios poderão ser direcionados para a deslocação à entidade hospitalar de acompanhamento, medicação, produtos de apoio, suplementos nutricionais, despesas habitacionais, alimentação, valências sociais, entre outros.
O apoio material, não sendo um direito do doente oncológico, assume-se, assim, como um suporte muito significativo para garantir a qualidade de vida dos doentes e suas famílias.
Margarida Costa
Assistente Social
Responsável pela Unidade de Serviço Social do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro